Este sábado, o jornal Público apresenta vários números sobre os imigrantes em Portugal. Alguns dos dados eram já conhecidos desde dezembro porque constam do último relatório publicado pelo Observatório das Migrações. Por exemplo, os que dizem respeito ao saldo positivo na Segurança Social da presença de imigrantes: estes contribuem com mais 884,4 milhões de euros do que dela recebem. E ao aumento desse saldo que triplicou em seis anos.
O jornal acrescenta ainda dados novos, obtidos junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, para fazer um retrato da migração no país. Segundo estes, em 2020 os pedidos de títulos de residência desceram face ao ano anterior e, pela primeira vez, a população estrangeira a viver no país ultrapassou os 7%. Em 2020, terão sido concedidos 117.500 títulos de residência (em 2019 foram 129.155) e 28.836 vistos de trabalho. O Brasil lidera a lista dos vistos de trabalho concedidos neste ano, seguido do Reino Unido, Índia, Angola e Itália.
As contas oficiais indicam que há 707.848 migrantes residentes. Um número que faz com que o país esteja nos últimos lugares relativamente à percentagem de migrantes (ocupa o 20º lugar entre 28) e fique longe da média europeia que, em 2019, foi de 7,9%.
Os imigrantes são também 8,5% dos contribuintes do país. O relatório do Observatório das Migrações conclui assim que “a imigração é para Portugal essencialmente ativa e contributiva, ajudando de forma inequívoca para contrabalançar as contas públicas da Segurança Social, constituindo-se como uma dimensão importante do reforço e sustentabilidade do Estado social em Portugal”. Enquanto 50% de beneficiários portugueses da Segurança Social, a percentagem de estrangeiros é de apenas 28%.
Outra faceta deste retrato é o crescimento do desemprego. Em 2019, 12,5% dos imigrantes de fora da União Europeia sofreram desemprego, o dobro dos portugueses e uma subida de 10% relativamente a 2018. Por outro lado, os estrangeiros receberam só 3,8% do valor dos subsídios de desemprego. Recebem também menos do que os portugueses (menos 5,4% no que diz respeito às remunerações médias), trabalham em profissões abaixo das suas qualificações e apenas 7% ocupam lugares dirigentes. O risco de pobreza dos estrangeiros residentes em Portugal excede em 6,1% o dos portugueses.