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Hospital de Serpa deixou de ter urgências entre a meia-noite e as 8h

A administração do hospital, gerido pela Misericórdia, decidiu encerrar as urgências. Utentes, enfermeiros e a distrital do Bloco de Beja exigem que o Hospital volte a ser gerido diretamente pelo Serviço Nacional de Saúde.
Imagem via Misericórdia de Serpa.

Desde a madrugada desta segunda-feira que as urgências do Hospital de Serpa, no distrito de Beja, estão encerradas devido à falta de médicos em exclusividade que a administração partilha entre várias unidades de saúde.  

Segundo a administração, a resposta à Covid-19 absorveu os médicos que garantiam as escalas das urgências no Hospital. Os médicos que habitualmente asseguram as escalas do Hospital de São Paulo não trabalham em exclusivo para a instituição, fazendo escalas em vários hospitais.

O Hospital é uma IPSS gerida pela Santa Casa da Misericórdia de Serpa, em acordo de cooperação com o Serviço Nacional de Saúde. A administração afirma que, no que respeita a recursos humanos qualificados, a gestão na região é “complexa”.

O município de Serpa relembra que este é “um problema recorrente, registado por diversas vezes nos últimos anos, e que, mais uma vez dá razão à posição defendida pela Câmara Municipal de Serpa: é necessário e urgente o retorno e integração do Hospital de São Paulo, no Serviço Nacional de Saúde”.

Para o executivo camarário, “só um serviço de saúde público, universal, geral e gratuito poderá garantir o direito à saúde da nossa população”. Posição partilhada pela Comissão de Utentes de Serviços Públicos do Concelho de Serpa, defendendo que “este hospital deveria ter gestão pública” e estar “inteiramente integrado no SNS”.

Já a Direção Regional do Alentejo do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) considerou “inadmissível que uma entidade privada que gere uma instituição do SNS decida encerrar um serviço público, prejudicando, assim, as populações que o hospital serve” e defendeu que “a única alternativa é a ULSBA/ARS voltar a gerir o hospital, como acontecia antes do acordo de cooperação”.

“Entrega do Hospital à Misericórdia foi decisão desastrosa que devia ter sido revertida”

Em comunicado, a distrital de Beja do Bloco de Esquerda diz que este “é o mais recente episódio de encerramentos intermitentes deste serviço, que a partir de hoje se tornou efetivo, em prejuízo direto das populações dos concelhos de Serpa e Mértola (margem esquerda do Guadiana) e sobrecarregando a Urgência do Hospital de Beja, em plena pandemia”.

O Bloco/Beja denuncia que o Hospital de São Paulo tem vindo a reduzir o número de camas (unidade de reabilitação), “uma tendência preocupante que pode estender-se à unidade de cuidados paliativos, a única resposta de internamento nesta tipologia no Baixo Alentejo”. E acrescenta que a falta de profissionais “se deve também às condições salariais e de trabalho, inferiores às praticadas no setor público da saúde”.

“A entrega do Hospital de São Paulo (incluindo o serviço de Urgência) à Misericórdia de Serpa, em 1 de Janeiro de 2015, foi uma decisão desastrosa do governo da “troika” e há muito devia ter sido revertida, como aconteceu por exemplo em São João da Madeira”, prossegue a distrital bloquista, que continua a defender o regresso deste hospital à esfera pública.

“É compromisso de honra do Bloco de Esquerda prosseguir esta luta na próxima legislatura, reforçada com a eleição do primeiro deputado do Bloco pelo círculo de Beja. De imediato exigimos ao Ministério da Saúde, à ARS Alentejo e à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo uma solução para o regular o funcionamento da Urgência de Serpa, no quadro do SNS”, conclui o comunicado.

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