A História já nos mostrou o que acontece quando se escolhe o silêncio

por

Inês Soares

16 de maio 2025 - 12:20
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A democracia não é eterna por natureza. É uma construção frágil que exige vigilância, memória e ação.

Manifestação do 25 de Abril
Foto de Ana Mendes.

Nos últimos anos, temos assistido a um fenómeno inquietante: a normalização e a ascensão da extrema direita em várias democracias. Portugal, que durante décadas parecia imune, já não é exceção. Está agora no centro do debate, nas televisões, nas pronúncias e, mais importante ainda, nas urnas. A extrema direita já não surge apenas com faixas e saudações de braço erguido; agora veste o manto da "liberdade", "segurança" e tradição.

Este crescimento não acontece por acaso. É alimentado por desigualdades sociais, novos resquícios e desconfiança nas instituições. A extrema direita oferece respostas simples para problemas complexos, e, no vazio, muitos aceitam essa promessa envenenada. O que começará com palavras suaves, muitas vezes, termina com silêncios forçados.

A democracia não é eterna por natureza. É uma construção frágil que exige vigilância, memória e ação. E talvez seja isso que mais assusta neste momento: a facilidade com que muitos esquecem. A História já nos mostrou o que acontece quando se escolhe o silêncio. Não é preciso revivê-la para aprendermos a lição.