Há um capítulo inteiro sobre ameaças de extrema-direita que desapareceu da versão final do Relatório Anual de Segurança Interna

02 de abril 2025 - 15:51

Bloco de Esquerda questiona Governo sobre supressão de um capítulo relativo a "Extremismos e Ameaças Híbridas" do RASI. Secção abordava organização de extrema-direita.

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Manifestação de extrema-direita
Manifestação de extrema-direita. Fotografia de Luís Forra/Lusa

Na passada segunda-feira, o Governo apresentou o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), com uma secção relativa a “Extremismos e Ameaças Híbridas”, que constava das páginas 35 a 39 do documento. Essa secção foi suprimida da versão entregue à Assembleia da República. O Bloco de Esquerda questionou o Governo sobre a razão para o desaparecimento do capítulo dedicado à extrema-direita e às ameaças de grupos antissistema no documento que foi enviado aos deputados.

O capítulo em falta fazia uma descrição detalhada sobre o extremismo da extrema-direita, com foco no “chapter” português de uma organização extremista internacional que, embora não esteja classificada na lista de organizações terroristas da União Europeia, já terá sido alvo de sanções financeiras noutros países devido ao incitamento e financiamento de terrorismo.

Segundo o documento, a organização “realiza eventos internacionais, como concertos musicais, que se tornam locais de radicalização, recrutamento e financiamento das suas atividades, incluindo a produção de propaganda”. É também deixado um alerta, segundo o Expresso, para o facto de não haver uma posição comum por parte dos países da União Europeia em relação a este tipo de grupos extremistas, que pode criar um maior à vontade para o desenvolvimento das suas atividades.

Nesse capítulo em falta eram ainda descritas outras ameaças contra a soberania nacional. Entre elas está a presença de influencers de extrema-direita que estão a cativar os mais jovens nas redes sociais.

O Bloco de Esquerda questionou o governo sobre a razão da eliminação des informação sobre grupos de extrema-direita do RASI, mas também da supressão de toda a secção “Extremismos e Ameaças Híbridas” na versão apresentada à Assembleia da República. O partido quer ainda saber quem ordenou a eliminação dessa secção e se o Governo considera enviar uma nova versão do RASI à Assembleia da República com a secção em falta.

Ao Expresso, o líder da bancada parlamentar bloquista, Fabian Figueiredo, defendeu ser “no mínimo estranho” que “uma secção tão relevante para uma avaliação completa do estado, riscos e ameaças à segurança interna, como é a dos Extremismos e Ameaças Híbridas, tenha desaparecido misteriosamente do RASI”.

“O Governo deve uma boa explicação à Assembleia da República sobre o que o levou a retirar esta informação da versão do relatório que foi enviada aos deputados. Para além disso, instamos o executivo a enviar a versão completa do RASI aos deputados. Não há nenhuma razão atendível para esconder informação do órgão de soberania que deve fiscalizar a ação governativa e produzir legislação relevante atendendo aos factos, o que não pode fazer quando o governo os oculta”, disse.