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Funcionários europeus “chocados” querem tirar pensão a Barroso

Numa carta aberta dirigida à Comissão Europeia, a maior associação de funcionários das instituições europeias afirma que a ida de Barroso para o Goldman Sachs contribui para o descrédito da construção europeia.
Foto União Europeia ©

“Esta nomeação ao serviço de interesses financeiros particulares de um antigo chefe do executivo europeu levanta questões éticas”, diz a carta aberta assinada pelo presidente da U4Unity, a maior associação que junta funcionários das diversas instituições europeias.

A associação de funcionários exige uma “ação política forte” com base legal no artigo 245º do Tratado sobre o Funcionamento da UE, que prevê a retirada da pensão e outros privilégios dados aos ex-titulares de cargos europeus. Barroso tem direito a uma pensão de 15 mil euros mensais, correspondente a 60% do salário, durante os três anos seguintes à saída do cargo. Os funcionários questionam ainda se Barroso pediu algum parecer ao comité de ética sobre as suas novas funções, mas o ex-presidente da Comissão só é obrigado a fazê-lo nos 18 meses seguintes à saída. Durão Barroso esperou 20 meses até oficializar a sua contratação pelo gigante da banca de investimento.

Para os funcionários europeus, que se dizem “surpreendidos e profundamente chocados” ao terem conhecimento do comunicado da Goldman Sachs a anunciar a contratação de Durão Barroso, ela servirá para “alimentar a propaganda eurofóbica de todos os populismos e extremismos que diz que a integração europeia só está ao serviço dos ‘interesses da finança’”.

A carta aberta lembra ainda que Barroso presidiu à Comissão durante o período da crise financeira despoletada com o crédito subprime nos EUA, “na qual o Goldman Sachs teve um papel importante”. Por isso, “não está aqui em causa um banal conflito de interesse”, acrescentam os funcionários, mas sim um acontecimento que “pode desacreditar a nossa instituição”.

Os funcionários europeus alertam para a possibilidade de Barroso, na sua qualidade de chairman e conselheiro do Goldman Sachs, possa intervir em assuntos ainda em aberto ligados à união bancária, supervisão e ao “passaporte único” que garante o acesso ao mercado financeiro europeu e que é a primeira preocupação do banco sediado em Londres nas futuras negociações do Brexit.

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