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FPF nega à Assembleia da República o acesso a contratos dos selecionadores

Na resposta ao requerimento apresentado pelo Bloco, o presidente da Federação de Futebol diz que não vai fornecer aos deputados os contratos que estão sob a mira do fisco. PS e PSD chumbaram o pedido de audição a Fernando Gomes. "De que têm medo?", pergunta Mariana Mortágua.
Fernando Gomes, presidente da FPF. Imagem FPF.

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) fez saber
à Assembleia da República que não irá fornecer os contratos com o atual e o anterior selecionador de futebol e as respetivas equipas técnicas, nem as atas das reuniões em que foram tomadas decisões relativas a esses contratos.

A argumentação jurídica da Federação é semelhante à utilizada para não cumprir a decisão da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, que deu razão ao semanário Expresso quando viu negado o acesso àqueles contratos. Em causa está o polémico contrato da FPF com uma empresa criada por Fernando Santos, através da qual foram pagos os salários, prémios e direitos de imagem do selecionador e da sua equipa técnica. Uma situação que originou investigações do fisco e da Segurança Social e a abertura de um inquérito do Ministério Público sobre as suspeitas de fraude e elisão fiscal. E levantou suspeitas que o mesmo esquema tenha sido usado na contratação da nova equipa técnica.

Ao mesmo tempo que nega aos deputados o acesso aos contratos, Fernando Gomes diz que “rejeita em absoluto qualquer falta de transparência e, em especial, a afirmação de que ‘a opacidade parecer ser a regra na FPF’”. E afirma ainda que a FPF "tem dado sobejas provas de que é uma entidade séria e responsável", pelo que “lamenta com veemência tal imputação injusta e infundada”.

O Bloco requereu também a presença no Parlamento do presidente da FPF para dar explicações aos deputados. No entanto, o PS e o PSD chumbaram a proposta de audição.

Nas redes sociais, Mariana Mortágua resumiu em cinco episódios o que diz ser um exemplo do "privilégio e impunidde do futebol": 1. A FPFutebol é suspeita de fugir aos impostos nos contratos com equipa técnica de Fernando Santos; 2. O PS impede o escrutínio parlamentar e chumba a audição do Presidente da FPF na Comissão de Orçamento Finanças; 3. A FPF, sendo obrigada a fazê-lo, recusa divulgar ao Expresso informação sobre contratos investigados; 4. A autoridade tributária confirma as notícias da suspeita de fuga ao fisco; 5. PS e PSD chumbam requerimento para audição da FPF na Comissão de Desporto.

A concluir, a deputada bloquista deixa a pergunta: "nesta história, de que têm tanto medo a FPF, o PS e o PSD?"

Deputada do PS contesta chumbo da audição

Nas redes sociais, a deputada socialista Isabel Moreira afirmou no dia seguinte à votação que "o PS, na comissão de orçamento e finanças, fez mal em chumbar a audição do presidente da FPF".

"As suspeitas são as que são e é para mim inaceitável que a FPF “ache” que não se lhe aplica o que a CADA já disse claramente", prosseguiu Isabel Moreira, citando em seguida a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos quando disse que “a FPF está obrigada a especiais deveres de transparência e publicidade”.

"Menos opacidade e mais escrutínio, sff.", pediu a deputada do PS.


Notícia atualizada a 16 de março de 2023 com as declarações da deputada socialista Isabel Moreira.

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