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Ferroviários prosseguem luta na Coreia do Sul

Mais de 100 mil pessoas manifestaram-se este sábado em Seul contra a privatização dos caminhos de ferro e a repressão sobre sindicalistas.
Sábado foi dia de manifestação em Seul e o protesto dos ferroviários contra a privatização e a repressão a greve vai prosseguir no próximo mês.

O protesto dura há semanas, com os ferroviários em greve contra a proposta do Governo de retalhar a empresa pública de caminhos de ferro, abrindo a porta para a sua privatização. A manifestação deste sábado juntou mais de cem mil pessoas e segue-se à greve que dura desde 9 de dezembro e tem afetado a linha de alta velocidade, bem como o metro e o transporte de mercadorias. Os atrasos e cancelamentos de viagens têm sido uma constante e o serviço ferroviário tem funcionado a cerca de metade da sua capacidade nas últimas semanas.

O Governo de Chung Hong-won reagiu duramente a esta greve e deu início à perseguição dos sindicalistas. Cerca de 30 dirigentes sindicais estão acusados de desestabilizar a economia e são procurados pela polícia e a administração já disse que vai castigar 490 sindicalistas da empresa, pedindo indemnizações pelos prejuízos causados pela paralisação. Depois das rusgas policiais às sedes do sindicato dos ferroviários, 600 polícias de choque forçaram esta semana a entrada na sede da poderosa central sindical KCTU numa tentativa de prender alguns deles, enfrentando igual número de sindicalistas a bloquear a entrada do edifício. 148 foram presos durante o assalto policial e alguns dos ferroviários acusados pela greve refugiaram-se em templos, onde a polícia raramente entra, por causa do alto risco de provocar graves distúrbios em resposta.

Em resposta à invasão da sua sede, a central sindical convocou para sábado uma greve geral de solidariedade com a luta dos ferroviários e as ruas de Seul encheram-se de manifestantes contra a privatização da ferrovia. A oposição apela ao Governo e à presidente Park Geun-Hye para que recuem no seu plano de desmembrar a empresa, tendo em vista a sua privatização. Os trabalhadores afirmam qe a luta irá continuar pelo menos até 25 de janeiro, data do primeiro aniversário da posse da presidente do país.

Flash-mobs e protestos em várias cidades

Para além da manifestação , muitos outros protestos foram realizados este sábado. O mais original terá sido o das flash-mobs em Seul, Gwangju, Daejeon and Daegu, onde centenas de pessoas, sobretudo jovens, se juntaram para cantar um hino revolucionário do musical “Les Misérables” (ver video no fim da notícia).

Também os advogados defensores dos direitos civis organizaram concentrações em prol da democracia sobo lema “Não há injustiça que vença a justiça” e grupos de estudantes em Seul Daejeon, Changwon and Pusan juntaram-se em tribunas livres para exporem as razões do descontentamento social que alastra no país, informa o portal Global Voices.

Para além da tensão social causada pela luta dos ferroviários, a presidente do país também está envolvida no escândalo do envolvimento dos serviços secretos a seu favor na campanha presidencial de 2012. O caso ainda está em investigação, depois de uma agente dos serviços secretos ter sido apanhada a fazer campanha na internet com informações falsas e atentatórias do bom nome dos candidatos da oposição. O chefe da polícia veio então dizer que não havia provas de qualquer ilegalidade, o que mais tarde se verificou ser falso. As sondagens indicam que esse anúncio influenciou a decisão de voto dos sul-coreanos, que de outra forma teriam censurado Park Geun-Hye nas urnas.   

Dec 28, 2013

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