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Exército israelita admite ter assassinado jornalista da al-Jazeera

Um alto responsável do exército de Israel reconheceu que o mais provável é que tenha sido um dos seus soldados a matar Shireen Abu Akleh "por engano". Familiares da jornalista e deputados israelitas recusam que o crime fique impune.
Foto Mazur/cbcew.org.uk

O inquérito do exército israelita à morte da jornalista da al-Jazeera Shireen Abu Akleh, com dupla nacionalidade palestiniano-estadunidense, concluiu que existe "altíssima probabilidade" de a origem do tiro estar num soldado que terá confundido Shireen com um palestiniano armado, refere o jornal Haaretz..

"Foi um incidente infeliz", afirmou o Chefe do Estado-Maior do Exército israelita Aviv Kochavi, acrescentando que não haverá investigação nem uma eventual acusação ao soldado em causa, por "não haver suspeita de que uma ação criminosa tenha ocorrido" enquanto decorria uma ação militar contra palestinianos.

O inquérito afirma que os militares estavam debaixo de fogo por parte de homens armados que se encontravam junto à jornalista e que não conseguem determinar sem sombra de dúvida quem foi o autor do disparo fatal.

Em reação a estas declarações, o deputado da Lista Conjunta Ahmad Tibi aconselhou os responsáveis pelo exército a relerem os comentários que fizeram no dia do assassinato, acusando-os de espaharem informação falsa e exigindo uma investigação externa para que "o exército não dê imunidade automática àqueles que dispararam". Também Zehava Galon, do partido Meretz, afirmou esperar que haja uma investigação ao caso para que sejam apuradas responsabilidades.

Por seu lado, o presidente palestiniano Mahmoud Abbas afirma que este inquérito "é uma nova tentativa de Israel para fugir às suas responsabilidades pelo assassinato", acrescentando que "todas as provas indicam que Israel carrega toda a responsabilidade e por isso deve arcar com as consequências"

Para o Comité de Proteção dos Jornalistas, a admissão de culpa dos militares "é tardia e incompleta", ao não nomear o assassino nem trazer as respostas e o assumir de responsabilidades que a família e os colegas de Shireen têm direito.

Os familiares da jornalista reagiram em comunicado, acusando o exército de "tentar ocultar a verdade e fugir à responsabilidade" pelo assassinato de Shireen. "A nossa família não ficou surpreendida com este resultado, uma vez que é óbvio para toda a gente que os criminosos de guerra israelitas não podem investigar os seus próprios crimes". Por isso, acrescentam, vão pedir aos EUA que lancem a sua própria investigação, pois "é o mínimo que podem fazer por um dos seus cidadãos".

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