O Bloco de Esquerda organizou este sábado em Almada um Encontro Ecossocialista com a participação de ativistas das lutas contra as minas de lítio no Barroso e a destruição do Sudoeste alentejano pela agricultura intensiva e pressão turística, investigadores e eurodeputados como a bloquista Catarina Martins e Emma Fourreau, da França Insubmissa.
No encerramento do encontro, Mariana Mortágua referiu a reunião dos chefes de Governo da União Europeia realizada dias antes em Bruxelas, traduzindo-a por uma “deriva militarista” e uma “alucinação coletiva” na qual os “líderes europeus embarcaram” ao afirmarem que “a guerra é inevitável”.
“Acuso diretamente Luís Montenegro e Von der Leyen de terem trocado o investimento em sustentabilidade, o investimento numa economia verde, o investimento numa transição climática, por investimento em bombas. Foi isso que fizeram em Bruxelas na última reunião. E com essa decisão, abandonaram o povo da Europa. Com essa decisão, abandonaram as pessoas às verdadeiras ameaças”, criticou a coordenadora do Bloco, apontando que a decisão tomada em Bruxelas serve para ajudar a França e a Alemanha a recuperarem as suas economias estagnadas, “arrastando consigo” os restantes países nesse aumento da despesa militar.
Mariana Mortágua diz que “para a direita, para Bruxelas, para o Governo, a saúde, a educação, os cuidados, a transição climática são sempre, sempre despesas. Mas a Defesa já é investimento”. No que toca ao Bloco de Esquerda, garantiu que “connosco não há mais dinheiro para armamento. Connosco o dinheiro das casas não vai para bombas. O dinheiro dos hospitais não vai para bombas. Porque as pessoas têm que ser salvas de viverem ao relento. Têm que ser salvas das alterações climáticas”.
O momento político nacional de pré-campanha para as legislativas, causadas pelos embaraços do primeiro-ministro e da sua empresa de consultoria, não passou ao lado do discurso, com Mariana Mortágua a referir-se à frase de Luís Montenegro em que este diz ser “o primeiro-ministro mais escrutinado de sempre”.
“Há um problema de partida, que é termos um primeiro-ministro que acha que a transparência é um favor que se faz ao país e à democracia. E que acha que ser escrutinado é um sacrifício a que o próprio primeiro-ministro se presta perante a comunicação social, o parlamento e o país. Só isso indica que não foi feito para ser primeiro-ministro”, concluiu a coordenadora do Bloco, prometendo continuar a escrutinar não apenas Montenegro, mas o todo o governo que está em gestão.