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EUA estão a deportar migrantes com covid-19

Foram detetados mais de três mil casos positivos entre os migrantes detidos, mas apenas metade desta população foi testada. A agência de imigração norte-americana está a repatriar pessoas com covid e a pressionar os países de origem a aceitá-las.
Cartaz contra a detenção de menores nos centros do ICE. Junho de 2019. Foto de Joe Piette/Flickr.
Cartaz contra a detenção de menores nos centros do ICE. Junho de 2019. Foto de Joe Piette/Flickr.

O Serviço de Imigração e Controlo de Fronteiras dos EUA comunicou que o número de pessoas infetadas com o novo coronavírus sob sua custódia é de 3.077. Foram testados 11.828 do total de 22.579 detidos.

A agência federal informa ainda que, pelo menos, duas pessoas morreram com covid-19 e que 871 pessoas estão isoladas dentro das instalações. Também 45 funcionários foram infetados.

Há focos consideráveis de contaminação no centro de detenção de Bluebonnet, em Dallas, que tem 286 pessoas infetadas, ou no centro de detenção de Eloy, em Phoenix, que tem 250 pessoas infetadas.

A propagação da pandemia em três destes centros de detenção, dois no Texas e um na Pensilvânia, fez com que a juíza federal tivesse decidido que a Immigration and Customs Enforcement (ICE) teria de libertar os menores aí detidos até 17 de julho.

Para além dos detidos que se reconhece estarem contagiados, a ICE é acusada de deportar pessoas que sabe que estão infetadas com o vírus. Uma investigação lançada esta sexta-feira pelo New York Times, em colaboração com o Marshall Project, diz que esta agência se tornou “um grande contaminador doméstico e global do vírus”. E que a pressão da administração Trump leva os países a acolher os deportados doentes.

Os jornalistas falaram com mais de trinta detidos que descreveram centros sobrelotados, nos quais o distanciamento social é impossível, sem condições sanitárias mínimas e onde o material de proteção é “quase inexistente”. Pelo menos quatro de entre eles testaram positivo à covid-19.

Segundo o jornal norte-americano, desde março o ICE fez 750 voos domésticos transportando milhares de detidos por todos os EUA. Mesmo aqueles que estavam doentes viajaram.

Os voos de deportação foram mais de 200 neste período. Deles também não se escaparam os que estavam doentes. El Salvador e Honduras receberam, só desde março, mais de seis mil deportados. Trump louvou a sua atitude e prometeu enviar-lhes ventiladores e outro tipo de ajuda como forma de agradecimento.

Até agora, os governos de onze países confirmaram terem recebido pessoas deportadas dos EUA doentes com covid-19.

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