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Estivadores de Lisboa em greve parcial a partir desta quarta-feira

Os estivadores estarão em greve parcial de 19 de fevereiro a 9 de março e ameaçam agravá-la. Sindicato acusa empresa de trabalho portuário de querer que 34 estivadores regridam de efetivos para eventuais, reivindica cumprimento de acordos e exige pagamento atempado de salários.
Direção sindical proporá extensão e agravamento da greve em plenário a realizar a 21 de fevereiro, sexta-feira
Direção sindical proporá extensão e agravamento da greve em plenário a realizar a 21 de fevereiro, sexta-feira

Associação de empresas quer passar efetivos a eventuais

Em declarações à Lusa, António Mariano, presidente do SEAL (sindicato dos estivadores e actividasde logística), afirmou: "Os diretores da A-ETPL, Associação de Empresas de Trabalho Portuário de Lisboa, que fornece mão-de-obra aos diferentes operadores portuários de Lisboa, defenderam hoje que 34 trabalhadores - que passaram de precários a trabalhadores com contrato sem termo em 2016 - deveriam voltar a ser eventuais outra vez".

António Mariano, que considera que a A-ETPL “não quer negociar nada, quer continuar a apostar numa situação de pré-insolvência", diz que o que está em causa no porto de Lisboa é o "incumprimento dos acordos assinados, o não pagamento atempado dos salários, a apresentação de propostas inaceitáveis aos trabalhadores e os sucessivos desvios de cargas para outras portos nacionais".

não resta a esta Direcção sindical outra alternativa que não passe por propor aos seus associados, em plenário a realizar na próxima sexta-feira (dia 21 de Fevereiro), a extensão e agravamento da greve

“Não sei se o Governo português vai continuar a assistir, impávido e sereno, a estas manobras de desvio de cargas em território nacional, por razões que, provavelmente, visam apenas a destruição da organização do trabalho tal como existe e aumentar ainda mais os níveis de precariedade nos portos nacionais, como hoje nos foi proposto, com a passagem de 34 trabalhadores efetivos a contratos precários", alerta o presidente do SEAL, que acusa ainda: “Uma coisa é haver legislação nacional que permite a precariedade em larga escala, nomeadamente nos portos. Outra coisa é termos grupos económicos que estão em vários portos, eventualmente a fazer desvios de carga entre uns e outros, como se isto fosse um tabuleiro de xadrez deles".

De 19 a 28 de fevereiro, os trabalhadores só trabalharão no segundo turno para as empresas Liscont, Sotagus e Multiterminal (as três do grupo turco Yilport) e TMB (Terminal Multiusos do Beato). De 29 de fevereiro a 9 de março os estivadores não trabalharão para essas quatro empresas.

À Lusa, António Mariano levantou a hipótese de o grupo Yilport estar a agudizar o conflito para pressionar o governo para obter taxas mais baratas. O grupo turco anunciou a disponibilidade para investir 122 milhões de euros no porto de Lisboa e está a em negociações para prorrogação do prazo de concessão do terminal de Lisboa.

Plenário para debater “extensão e agravamento da greve”

Em artigo no blogue do sindicato, António Mariano dá conta da reunião realizada esta terça-feira com a direção da A-ETPL, sintetizando que os patrões: “mantiveram as suas posições articuladas de não garantirem o pagamento atempado dos salários, quando os estivadores de Lisboa vão amanhã entrar em greve no 50º dia de 2020 com 390€ do salário de Janeiro no bolso”; recusaram “reconhecer as actualizações salariais que assinaram em 2018 – as quais continuam por cumprir – a somar a um congelamento salarial que vigora desde 2010”; “continuam a recusar actualizar o tarifário da AETPL (…) congelado há mais de 26 anos propondo, em alternativa, baixar 15% os salários dos estivadores, em vigor desde 2010”; propuseram a regressão de efetivos a eventuais de 34 estivadores.

“Toda esta situação é tão aviltante que não resta a esta Direcção sindical outra alternativa que não passe por propor aos seus associados, em plenário a realizar na próxima sexta-feira (dia 21 de Fevereiro), a extensão e agravamento da greve que amanhã terá o seu início”, conclui o presidente do SEAL.

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