O governo espanhol já tinha anunciado a intenção de avançar com o imposto sobre lucros extraordinários do setor energético. Mas esta terça-feira, Pedro Sánchez anunciou outra medida semelhante destinada a taxar o setor financeiro "que já começa a beneficiar com a subida das taxas de juro".
Este imposto excecional terá a duração de dois anos e prevê arrecadar 1.500 milhões de euros anuais. "Pedimos às grandes empresas que os lucros revertam para os trabalhadores. Que esse lucro não sirva para engordar as contas dos altos executivos", afirmou o primeiro-ministro no Parlamento, citado pelo Publico.es.
Quanto ao imposto sobre o setor elétrico, entrará em vigor no próximo ano e espera arrecadar dois mil milhões de euros por ano. "Este governo não vai tolerar que haja empresas ou indivíduos que se aproveitem da crise", prosseguiu o primeiro-ministro, acrescentando que "os lucros não caem do céu, sai dos bolsos dos consumidores".
Outra medida com impacto no bolso dos consumidores será o passe gratuito para os comboios suburbanos e de média distância da Renfe a partir de 1 de setembro e até ao final do ano. O Governo anunciou ainda para o mesmo período o pagamento de 100 euros mensais a todos os estudantes bolseiros a partir dos 16 anos.
Para responder à crise da habitação, Sánchez anunciou ainda o lançamento da construção de 12 mil casas em Madrid, 60% das quais serão públicas. E um apoio de 200 milhões de euros para instalação de painéis solares nas habitações com o objetivo de aumentar o autoconsumo ou o uso de veículos elétricos.
Medina promete estudar medida que recusou há poucos meses
Reagindo a este anúncio, o ministro das Finanças português afirmou em Bruxelas que pretende estudar a medida. "Vamos estudar todas as medidas, porque todos compreenderão que se há setores que apresentam lucros extraordinários decorrentes desta situação precisa, que não possam beneficiar dessa situação sem haver uma partilha dos custos sociais que esta situação está a gerar", afirmou o ministro ao Diário de Notícias.
No entanto, o ministro acrescentou algumas reticências a essa vontade, afirmando que a tributação dos chamados lucrs caídos do céu " "tem de ser feita de forma proporcional, de forma adequada e de forma efetiva, isto é, tem que se traduzir numa receita com significado para poder ser transferida para os cidadãos". Referindo-se à taxa já introduzida em Itália, Medina diz que "não creio que no caso de Portugal essa iniciativa correspondesse a um volume com significado".
A proposta já foi apresentada no Parlamento pelo Bloco de Esquerda e o ministro da Economia começou por mostrar alguma abertura num debate com Mariana Mortágua. Mas foi imediatamente corrigido pelo Governo, acrescentando mais tarde que não pretende "hostiliar as empresas".