Enfermeiros queixam-se à ONU dos países que bloqueiam acesso global às vacinas

29 de novembro 2021 - 11:59

O Sindicato Global de Enfermeiros chama “criminosos do covid” aos governos da União Europeia, Reino Unido, Suíça, Noruega e Singapura por continuarem a bloquear o levantamento de patentes na OMC.

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Foto The Focal Project/Flickr

“Neste momento, a Organização Mundial de Saúde está a debater uma proposta que ajudará a pôr fim à pandemia. Ela levantaria temporariamente as proteções de patentes Às fórmulas das vacinas. Mas a União Europeia, o Reino Unido, Suíça, Noruega e Singapura estão a bloquear a proposta, pondo milhões de vidas em perigo”, diz o apelo dos enfermeiros que lançou um abaixo-assinado para “levar os criminosos da covid-19 a tribunal”.

“Isto é uma clara violação do nosso direito à saúde - de enfermeiros, cuidadores e doentes. Por isso estamos a processá-los em tribunal. Exigimos uma investigação urgente à obstrução ao levantamento das patentes por estes criminosos da covid-19”, remata o apelo que pretende recolher 100 mil assinaturas para ser enviado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.

À agência Lusa, a dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Guadalupe Simões, afirma que “enquanto os países ocidentais não perceberem ou, percebendo, não fizerem nada no sentido de libertar as patentes das vacinas, o mundo continuará a correr sérios riscos de aumento do número de mortes (...) por aquilo que possa vir a ser uma maior agressividade de uma variante deste vírus”.

Para os enfermeiros, a recusa daqueles países em aceitar o levantamento de patentes é uma ”ameaça imediata ao direito das pessoas à saúde”, incluindo os profissionais de saúde que já contam com 115 mil mortes por causa do coronavírus.

Apesar do consenso científico sobre a eficácia da vacinação na prevenção das formas mais graves da doença e das mortes que lhe estão associadas, bem como da sua transmissão, 45% da população mundial ainda não recebeu sequer uma dose da vacina. Também aqui é sublinhada a diferença entre os países ricos, com boa parte da população vacinada e que distribui agora uma terceira dose de reforço, e os países pobres onde as vacinas continuam a não chegar.

Por essa razão, Guadalupe Simões afirma que manter a propriedade intelectual sobre as vacinas equivale à "comercialização do direito à saúde, tanto mais que estas vacinas foram construídas e foram descobertas com fundos públicos europeus".