Lutas

Enfermeiros do Amadora-Sintra concentram-se contra discriminação salarial

07 de novembro 2024 - 16:58

O Hospital Amadora-Sintra pode perder centenas de enfermeiros se continuar em vigor o acordo coletivo do tempo em que era uma PPP. Fartos de trabalhar mais horas por menos saário, os enfermeiros exigem as mesmas condições dos que trabalham no SNS.

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Enfermeiros do Amadora-Sintra em concentração
Enfermeiros do Amadora-Sintra em concentração

Muitos enfermeiros concentraram-se esta quinta-feira em frente ao Hospital Amadora-Sintra. A sua principal reivindicação é que tenham as mesmas condições salariais que o resto dos seus colegas que trabalham no Serviço Nacional de Saúde. Dizem que se tal não acontecer esta unidade pode perder centenas de profissionais.

Para além da concentração, fizeram também uma petição que já conta com 700 assinaturas.

Em setembro, cinco sindicatos entraram em acordo com o Ministério da Saúde para que haja um aumento salarial de perto de 20% até 2027, um valor de cerca de 300 euros. De fora ficaram os enfermeiros da Unidade Local de Saúde Amadora-Sintra, que os abrange porque está em vigor ainda o Acordo de Empresa que foi assinado quando o hospital era uma Parceira Público-Privada.

Um dos promotores da ação, Mário André Macedo, explica que esta é uma situação única no SNS, implicando que trabalhem 36 horas semanais em vez das 35 horas e entrem na instituição “a ganhar menos 60 euros do que os colegas”.

Assim, trabalham mais e vão ganhar menos, “um dos motivos pelo qual o hospital hoje em dia já tem uma dificuldade em recrutar novos enfermeiros”, avança, calculando que, em poucos meses, o Hospital Fernando da Fonseca poderá “perder facilmente um terço dos enfermeiros”. Até porque “a cinco quilómetros ao lado está alguém a oferecer mais 300 euros e um contrato de trabalho com melhores condições, para trabalhar menos horas e ter mais dois dias de férias.”

Estes enfermeiros escrevem na petição que “caso esta situação não seja revista oportunamente (...) serão forçados a considerar a apresentação da sua demissão, uma vez que a manutenção das condições propostas é insustentável e incontornavelmente desmotivadora”.

Na sua concentração, mostraram cartazes a dizer “Cuidem de quem cuida”, “Os enfermeiros do HFF têm razão” e “Sem valorização não há motivação”.

À Lusa, Andreia Almeida, enfermeira do serviço de emergência que trabalha no Hospital há 13 anos, acrescenta que estão “extremamente preocupados” por causa da “grande injustiça” de que são alvo. Têm o mesmo nível de formação e o mesmo trabalho e por isso não entendem por que não são contemplados com as mesmas regras.

A enfermeira chefe Luísa Ximenes indica que o protesto nasceu “de uma forma espontânea” por parte de profissionais que “amam o seu hospital, gostam do Serviço Nacional de Saúde, onde pertencem e estão por opção, acreditam na reestruturação do SNS e no seu papel primordial num hospital que serve tanta gente”. Pedem contudo que “não os desmotivem”.

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