A Agência Internacional de Energia publicou esta quarta-feira a edição anual do Global Methane Tracker, uma análise na qual mostra que as emissões de metano por responsabilidade da indústria fóssil estão em níveis recorde. Recorde-se que este gás é considerado, a seguir ao CO2, o segundo mais importante com efeito de estufa, sendo responsável por cerca de 30% do aquecimento global.
A instituição sublinha que isto acontece “sem razão” já que existem soluções para limitar as fugas dos gasodutos e minas de carvão que são responsáveis por estas emissões. Mas, em vez de diminuírem, aproximaram-se em 2023 do volume gigantesco produzido em 2019. As emissões causadas pela produção de petróleo, gás e carvão chegaram aos 120 milhões de toneladas de emissões. Uma subida face ao ano passado. A elas se tem ainda de somar mais dez milhões de toneladas provenientes da produção de “bioenergia”.
Os números vão assim no sentido inverso dos compromissos ambientais de uma redução de 75% das emissões de metano por parte das indústrias fósseis até 2030.
O economista-chefe da AIE, Tim Gould, é taxativo: “não há nenhuma razão para que estas emissões continuem tão elevadas”. Ele estima que “cerca de 40% poderiam ter sido evitadas sem custos líquidos” e que reduzir em 75% apenas custaria “cerca de 170 mil milhões de dólares, isto é menos de 5% dos rendimentos da indústria fóssil em 2023”.
Outro dos especialistas da organização, Christophe McGlade, indica que quase dois terços destas emissões “é proveniente apenas de dez países”, sendo a China “de longe” o primeiro emissor no caso do carbono e os Estados Unidos o primeiro no caso do petróleo e do gás, “seguidos de perto pela Rússia”.
A Agência Internacional de Energia monitoriza as grandes fugas através de satélites e conclui que estas “aumentaram mais de 50% em relação a 2022”, sendo agora mais cinco milhões de toneladas. Como exemplo, apresenta-se uma fuga massiva ocorrida no Cazaquistão que durou quase 200 dias.
Na COP28, 52 das grandes empresas do setor do petróleo e do gás tinham-se comprometido a atingir o nível de “quase zero metano” até 2030 e mais de 150 países juntaram-se à iniciativa Global Methane Pledge que tem como objetivo a redução de 30% nestas emissões entre 2020 e 2030. McGlade sublinha que “se todas estas promessas fossem perfeitamente cumpridas e a tempo, reduziriam as emissões em quase 50% até 2030” mas esclarece que sobre elas não há “planos detalhados”.