Eleger Anabela Rodrigues é a garantia de que o combate contra o racismo terá voz própria

22 de fevereiro 2024 - 20:01

O ativista antirracista Mamadou Ba apela ao voto no Bloco de Esquerda para eleger a candidata que "representa a articulação das lutas contra o racismo, o machismo e a exploração laboral".

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Mamadou Ba
Foto de José Manuel Teixeira, publicada na página de Facebook de Mamadou Ba.

Num artigo publicado no portal Afrolink, o ativista antirracista luso-senegalês distinguido em 2021 com o prémio internacional Front Line Defenders declara que nas eleições de 10 de março irá votar no Bloco de Esquerda para eleger Anabela Rodrigues, a quarta candidata do Bloco pelo círculo de Lisboa.

"Face a uma extrema-direita racista de vento em popa, eleger Anabela Rodrigues para a Assembleia da República é reforçar a luta contra o racismo, o machismo e o privilégio de classe. Porque a sua eleição é a garantia de que o combate contra o racismo terá voz própria, e juntar-se-á às vozes de todas as outras lutas que contam para a defesa da dignidade humana", afirma Mamadou Ba.

No entender do ativista, as próximas eleições "são um referendo à democracia" em que os eleitores são chamados "a escolher entre uma sociedade em que ser diferente não pode ser motivo para ser violentado, e uma sociedade em que a diferença legitima a violência e a discriminação". Uma escolha que deve servir para "enfrentar o racismo que alimenta a negrofobia, a ciganofobia, a islamofobia e a xenofobia, e que já estilhaçou os telhados de vidro desta democracia de baixa intensidade, que convive com uma certa fatalidade com a fascização da disputa democrática ao acomodar organizações de extrema-direita no jogo eleitoral".

"Por isso, escolher Anabela Rodrigues, mulher negra, dirigente associativa e lutadora pelos direitos das pessoas mais vulneráveis da nossa sociedade, nomeadamente negras e imigrantes, será precisamente escolher enfrentar a letargia da fatalidade institucional que, através do jogo eleitoral, nos quer impor uma normalização do racismo, enquanto alternativa política de um projeto de sociedade", defende Mamadou Ba.

Admitindo que nenhum dos programas dos partidos da esquerda o "satisfaz inteiramente", por encontrar propostas no plano económico-social que considera "fundamentalmente reformistas e pouco disruptivas" e mesmo "um quase deserto programático quanto ao capitalismo bélico no sul global", encontra sobre a questão racial "um certo avanço em relação àquilo que se via em anteriores eleições" e que culminou em 2019 na eleição direta de três mulheres negras para a Assembleia da República.

"Ter pessoas como a Anabela Rodrigues na AR é justamente uma forma de não desperdiçar o ensejo que se conseguiu em 2019", prossegue Mamadou Ba defendendo que "não se pode nem se deve continuar a fazer política por procuração" e que "todo o sujeito político de uma qualquer condição social deve poder desempenhar o papel de protagonista na busca e construção de soluções para os seus problemas".