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EDP: Estado chinês ganha 400 mil por dia

A empresa estatal chinesa China Three Gorges ganhou 576 milhões de euros em dividendos em quatro anos. O negócio é tão apetecido que outro grupo estatal chinês, Guoxin, já detém 3,02% da elétrica. No total, as duas estatais chinesas detêm 24,37% da EDP. A única entidade portuguesa com mais de 2% na EDP é o BCP.
Paulo Portas, então ministro dos Negócios Estrangeiros, com Cao Guangjing, então líder da China Three Gorges - Foto de Mário Cruz/Lusa

A notícia é do “Expresso” diário desta segunda-feira, 21 de março de 2016, elaborada com base no relatório e contas integral da EDP, publicado na semana passada.

Segundo o jornal, o grupo China Three Gorges ganhou em dividendos 576 milhões de euros em quatro anos, uma média de 144 milhões por ano e de 395 mil euros por dia.

Nos últimos quatro anos, as ações na posse do grupo chinês desvalorizaram (281 milhões), mas mesmo que se subtraia essa desvalorização o grupo ganhou 295 milhões de euros. Segundo as contas do jornal, o grupo estará a ganhar com esse investimento um juro de cerca de 2,7% ao ano.

Estatais chinesas detêm 24,37% da EDP

António Mexia com Cao Guangjing, então líder da China Three Gorges e da qual foi afastado, após uma investigação do Partido Comunista da China sobre empresa estatal que comandava, dezembro de 2011 - Foto Mário Cruz/Lusa

A China Three Gorges detém 21,35% da EDP, desde que venceu a privatização da elétrica portuguesa, em dezembro de 2011. O grupo chinês só poderá alterar a sua posição acionista a partir de 11 de maio próximo, quando se completarem os quatro anos de bloqueio estabelecidos no acordo com o governo português (o grupo adquiriu formalmente as ações em 11 de maio de 2012).

Estando a China Three Gorges impedida de aumentar o seu peso na EDP, outro grupo estatal chinês, o Guoxin International Investment, também é acionista de referência (detentor de mais de 2%) da empresa e aumentou o seu peso.

O Guoxin detinha 2% em 12 de novembro de 2015 e em 31 de dezembro de 2015 já detinha 3,02%. A aquisição de 1,02% no final de 2015 terá custado ao grupo chinês pelo menos 110 milhões de euros.

Com a entrada do grupo Guoxin, o Estado chinês passou a deter 24,37% da EDP. O relatório da empresa confirma, ao referir: “são imputáveis à República Popular da China 24,37% dos direitos de voto”.

Segundo o jornal, o Estado chinês terá investido na EDP cerca de 3.000 milhões de euros.

O BCP é a única entidade portuguesa acionista de referência da EDP

Na EDP, os detentores de mais de 2% das ações podem estar representados no Conselho Geral e Superior (CGS) da empresa, ou seja no organismo que avalia as decisões estratégicas do conselho de administração executivo. O presidente do CGS é Eduardo Catroga. Atualmente, o CGS é composto por 21 membros e o grupo China Three Gorges tem lá 5 membros: quatro chineses e Eduardo Catroga, que preside.

Segundo o jornal, o segundo maior investidor da EDP é o grupo americano Capital Group com quase 17%. O grupo espanhol Oppidum detém um pouco mais de 7%, o fundo americano Blackrock 5%, a Senfora do governo do Abu Dhabi 4%, a argelina Sonatrach 2,38% e a Qatar Investment Authority 2,27%.

O BCP, com 2,44% da EDP, é a única entidade portuguesa com mais de 2% do capital da elétrica.

O presidente executivo da EDP é António Mexia, que ganhou no ano passado quase seis mil euros por dia, e permanecerá pelo menos até ao final de 2017 à frente da empresa.

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