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“É preciso respeitar os médicos de família”
Na tarde deste sábado, os médicos de família saíram à rua para defender a sua especialidade numa manifestação organizada pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e com o apoio da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar e da Federação Nacional dos Médicos. Contestam a medida do governo de contratar médicos sem especialidade para remendar a falta de médicos de família.
Presente no protesto, Catarina Martins expressou a sua solidariedade com esta luta. A coordenadora do Bloco culpa o governo por recusar “qualquer alteração que permita aos médicos estar no Serviço Nacional de Saúde” quando “há 1 milhão e 400 mil pessoas em Portugal sem médico de família”. Esclarece que “neste momento, compensa mais a um médico não ter especialidade e ir trabalhar para uma empresa privada que depois é contratada pelo SNS do que ser um médico com especialidade dedicado ao Serviço Nacional de Saúde”.
A dirigente partidária traçou ainda o quadro das condições de trabalho destes clínicos que “têm toda a razão para dizer que não aguentam mais”: “têm tarefas burocráticas inacreditáveis e inúteis, não têm progressão na carreira, não têm condições para fazer o seu internato, não têm condições objetivas para trabalharem todos os dias nos centros de saúde”. O projeto do governo de “que médicos sem especialidade possam trabalhar ao seu lado a ganhar mais do que eles estão a ganhar” é, portanto, considerado “absurdo”.
O caminho que o Bloco propõe é assim outro: “é preciso respeitar os médicos de família, respeitar as carreiras, descongelar as progressões, premiar quem se quer dedicar em exclusividade ao SNS que é o que garante a saúde de toda a gente”.
Catarina Martins deu o exemplo do último concurso para médicos de família em que “mais de um terço das vagas ficaram por preencher”. Neste concurso, em Lisboa e Vale do Tejo, “onde faltam mais médicos de família, mais de metade das vagas ficaram vazias”, tendo havido “cem médicos especialistas que desistiram, pura e simplesmente, sequer de tentar trabalhar”.
A porta-voz partidária criticou que ainda o governo por “continuar dizer que está tudo bem no SNS” quando seria preciso “reconhecer o que está mal e parar com medidas de remendos que todas elas provam, ano após ano insuficientes, erradas e a criar mais problemas”.
Catarina Martins questionou ainda os gastos que estes remendos implicam: “gastamos cada vez mais dinheiro para os utentes terem cada vez menos condições, há empresas a ganhar milhões de euros, as empresas prestadoras de serviços que estão instaladas um pouco por todo o SNS mas o país está a perder e os utentes estão a perder”.
Um caminho “absolutamente irresponsável” em que “o que se está a fazer é desperdiçar milhões com prestadores de serviços enquanto quem trabalha no SNS vê a sua vida cada vez mais difícil” e em que “o que gastamos a mais, ano após ano, em contratações de prestações de serviços em remendos dava absolutamente para tratar bem quem trabalha no SNS”.
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