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“É preciso respeitar os médicos de família”

Na manifestação dos médicos de família, Catarina Martins acusou o governo de dizer que está tudo bem no SNS mas só aplicar remendos “insuficientes, errados” e que criam “mais problemas”. O dinheiro que se gasta em prestações de serviços “dava absolutamente para tratar bem quem trabalha no SNS”, considera.
Catarina Martins no protesto dos médicos de família. Foto de José Sena Goulão/Lusa.
Catarina Martins no protesto dos médicos de família. Foto de José Sena Goulão/Lusa.

Na tarde deste sábado, os médicos de família saíram à rua para defender a sua especialidade numa manifestação organizada pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar e com o apoio da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar e da Federação Nacional dos Médicos. Contestam a medida do governo de contratar médicos sem especialidade para remendar a falta de médicos de família.

Presente no protesto, Catarina Martins expressou a sua solidariedade com esta luta. A coordenadora do Bloco culpa o governo por recusar “qualquer alteração que permita aos médicos estar no Serviço Nacional de Saúde” quando “há 1 milhão e 400 mil pessoas em Portugal sem médico de família”. Esclarece que “neste momento, compensa mais a um médico não ter especialidade e ir trabalhar para uma empresa privada que depois é contratada pelo SNS do que ser um médico com especialidade dedicado ao Serviço Nacional de Saúde”.

A dirigente partidária traçou ainda o quadro das condições de trabalho destes clínicos que “têm toda a razão para dizer que não aguentam mais”: “têm tarefas burocráticas inacreditáveis e inúteis, não têm progressão na carreira, não têm condições para fazer o seu internato, não têm condições objetivas para trabalharem todos os dias nos centros de saúde”. O projeto do governo de “que médicos sem especialidade possam trabalhar ao seu lado a ganhar mais do que eles estão a ganhar” é, portanto, considerado “absurdo”.

O caminho que o Bloco propõe é assim outro: “é preciso respeitar os médicos de família, respeitar as carreiras, descongelar as progressões, premiar quem se quer dedicar em exclusividade ao SNS que é o que garante a saúde de toda a gente”.

Catarina Martins deu o exemplo do último concurso para médicos de família em que “mais de um terço das vagas ficaram por preencher”. Neste concurso, em Lisboa e Vale do Tejo, “onde faltam mais médicos de família, mais de metade das vagas ficaram vazias”, tendo havido “cem médicos especialistas que desistiram, pura e simplesmente, sequer de tentar trabalhar”.

A porta-voz partidária criticou que ainda o governo por “continuar dizer que está tudo bem no SNS” quando seria preciso “reconhecer o que está mal e parar com medidas de remendos que todas elas provam, ano após ano insuficientes, erradas e a criar mais problemas”.

Catarina Martins questionou ainda os gastos que estes remendos implicam: “gastamos cada vez mais dinheiro para os utentes terem cada vez menos condições, há empresas a ganhar milhões de euros, as empresas prestadoras de serviços que estão instaladas um pouco por todo o SNS mas o país está a perder e os utentes estão a perder”.

Um caminho “absolutamente irresponsável” em que “o que se está a fazer é desperdiçar milhões com prestadores de serviços enquanto quem trabalha no SNS vê a sua vida cada vez mais difícil” e em que “o que gastamos a mais, ano após ano, em contratações de prestações de serviços em remendos dava absolutamente para tratar bem quem trabalha no SNS”.

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