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Dissidente iraniano vence Urso de Ouro em Berlim

“There is no evil”, filme de Mohammad Rasoulof, ganhou este sábado o Urso de Ouro, o prémio máximo do Festival de Cinema de Berlim. É apresentado como um filme contra a pena de morte e sobre resistência à opressão e liberdade individual por parte de um autor que está impedido de viajar, por isso não esteve presente na cerimónia de atribuição do prémio, e até de filmar. “A imposição de tais restrições evidencia claramente a natureza intolerante e despótica do governo iraniano”, declarou o realizador em comunicado.
Rasoulof já foi várias vezes censurado pelo regime iraniano e preso. Da última vez foi condenado em 2019 a um ano de prisão por “propaganda contra o regime” e “atentado à segurança do país” devido ao filme “Um homem íntegro”.
Do seu filme, o realizador diz que “aborda o consentimento da responsabilidade humana pelos cidadãos de um regime despótico. A questão que coloca é: Quando se vive numa ditadura e se é obrigado a tomar uma decisão, até onde estamos dispostos a aceitar a responsabilidade dessa decisão? Ou será que a rejeitamos e a atribuímos à estrutura autoritária do país que nos empurra para essa tomada de decisão?”
Mohammad Rasoulof diz que, apesar de todas as restrições a que está sujeito, vai continuar a filmar: “não têm o direito de me privar da criação artística nem de criar situações que me impeçam de o fazer. Faço o melhor para desfrutar dos meus direitos humanos. É o que tenho feito e o que vou continuar.”
O júri deste ano foi presidido pelo ator Jeremy Irons e constituído, por cineastas como o brasileiro Kleber Mendonça Filho, a palestiniana Annemarie Jacir e o norte-americano Kenneth Lonergan, a atriz argentina Bérénice Bejo e o ator italiano Luca Marinelli para além da produtora alemã Bettina Brokemper.
A lista de premiados da 70ª Berlinale é a seguinte:
Competição Oficial
Urso de Ouro: There Is No Evil, de Mohammad Rasoulof
Grande Prémio do Júri: Never Rarely Sometimes Always, de Eliza Hittman
Realização: Hong Sangsoo por The Woman who Ran
Actriz: Paula Beer, por Undine, de Christian Petzold
Actor: Elio Germano, por Volevo nascondermi, de Giorgio Diritti
Argumento: Fabio e Damiano d’Innocenzo, por Favolacce
Contribuição artística: Jürgen Jürges, pela fotografia de DAU.Natasha, de Ilya Khrzhanovsky e Jekaterina Oertel
Urso de Ouro especial do 70.º aniversário: Effacer l’historique, de Benoît Delépine e Gustave Kervern
Encontros
Melhor filme – The Works and Days (of Tayoko Shiojiri in the Shiotani Basin), de C. W. Winters e Anders Edström
Prémio especial do júri – The Trouble with Being Born, de Sandra Wollner
Melhor realizador – Cristi Puiu, por Malmkrog
Documentário
Irradiés, de Rithy Panh
Primeira obra
Los Conductos, de Camilo Restrepo
Curtas-metragens
Urso de Ouro – T, de Keisha Rae Witherspoon
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