A moção de censura contra a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentada pelo grupo A Esquerda no Parlamento Europeu, foi rejeitada esta quinta-feira. Direita, verdes e centro-esquerda uniram-se para esta rejeição. A proposta obteve 133 votos a favor, 78 abstenções e 383 contra.
Na base do texto apresentado por este grupo político, que inclui o Bloco de Esquerda e o PCP em Portugal, estão as “falhas” desta de agir contra o genocídio em Gaza e o “forçar de acordos não-democráticos como o acordo comercial União-Europeia-Mercosul” e a “incapacidade e falta de vontade para abordar o agravamento das crises sociais e climáticas”.
Manon Aubry, eurodeputada da França Insubmissa que é co-presidente deste grupo, disse que “apesar da Comissão Europeia estar atualmente a desmantelar ou a adiar legislação fundamental para os direitos humanos e o clima, como a Diretiva sobre o dever de diligência corporativa, esta moção de censura envia uma forte mensagem à Comissão von der Leyen: não permitiremos que a democracia seja espezinhada, que a nossa soberania seja cedida ou que o direito internacional seja violado”, afirmou.
O outro co-presidente do The Left, o alemão Martin Schirdewan do Die Linke, salientou que “enquanto os europeus saem às ruas de todo o continente em números sem precedentes para protestar contra a incapacidade da Comissão Europeia para agir – seja em relação ao aumento do custo de vida, às guerras em Gaza e na Ucrânia, ou à ascensão da extrema-direita – a Comissão Europeia, sob a presidência de Ursula von der Leyen, continua paralisada pelo medo”.
Também criticou Verdes e Socialistas/Sociais-Democratas que “parecem mais preocupados em manter as suas posições do que com as suas promessas de campanha ou com as políticas que dizem defender”. Ambos prometem que “a Esquerda continuará a intensificar essa pressão tanto no Parlamento Europeu como nas ruas da Europa”.
Na mesma sessão, foi também votada uma moção de censura apresentada pelo grupo de extrema-direita Patriotas pela Europa. Foi igualmente chumbada com 378 votos contra.
Von der Leyen reagiu às duas moções num curto discurso em que reconheceu “preocupações legítimas” dos eurodeputados sobre o comércio externo e as guerras na Ucrânia e a situação em Gaza mas hostilizou a apresentação das moções de censura, falando em “truques políticos” e em “armadilha” e acusando os proponentes de serem “amigos obedientes” de Vladimir Putin.