Direita e Verdes no governo da Áustria

02 de janeiro 2020 - 21:12

Conservadores e Verdes alcançaram esta quinta-feira um acordo de governo na Áustria. Aumentar a interdição de lenços de cabeça na escola e implementar a prisão para pessoas “potencialmente perigosas”, ainda que não tenham cometido crimes, fazem parte das medidas menos verdes deste governo.

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Os líderes dos Verdes e dos Conservadores da Áustria apresentam a coligação governamental. Janeiro de 2020.
Os líderes dos Verdes e dos Conservadores da Áustria apresentam a coligação governamental. Janeiro de 2020. Foto de LUSA/EPA/FLORIAN WIESER

Depois de governar com a extrema-direita, Sebastian Kurz vira verde. Com um intervalo de três meses, o ex-chanceler e dirigente do partido conservador ÖVP volta ao cargo. Depois de ter vencido sem maioria as eleições legislativas de 29 de setembro, chegou esta quinta-feira a um acordo com o Werner Kogler, presidente dos Verdes.

O que para Kurz é entendido como “o melhor dos dois mundos”, para os Verdes parece ser um recuo em toda a linha. Depois de serem críticos da política liberal do ÖVP e da sua coligação com a extrema-direita por ceder à agenda “nacionalista”, aceitam agora parte das políticas contra as quais se bateram.

O governo anterior caiu quando o vice-chanceler da extrema-direita foi apanhado numa gravação a trocar favores políticos por dinheiro com uma suposta sobrinha de um oligarca russo. O FPÖ não recuperou do caso mas o seu parceiro de coligação permaneceu no poder.

Do acordo fazem parte o aumento da proibição do uso de lenços na cabeça até à idade de 14 anos e a prisão preventiva de “indivíduos potencialmente perigosos” ainda que não tenham cometido qualquer crime, insistindo Kurz numa posição “dura” face à imigração ilegal e ao “Islão Político”.

Entre as medidas verdes acordadas estão o aumento das taxas sobre os voos para fora do país (que variavam entre 3,50 euros e 17.50, passando agora a ter uma taxa única de 12 euros) e outros aumentos de impostos sobre produtos com elevada pegada de carbono, nomeadamente para os camiões mais poluentes.