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Dinamarca quer confiscar últimos bens aos refugiados

O governo da Dinamarca tem um pacote de medidas para a reforma das leis de imigração e asilo que prevê a confiscação de dinheiro, jóias e outros objectos de refugiados que aparentem ter um valor superior a 400 euros.
A confiscação de bens ressuscita os fantasmas do nazismo.

A nova legislção que  é vista por muitos como uma cedência à extrema-direita que apoia o governo liberal de Lars Rasmussen tem 34 medidas que visam reduzir a entrada de imigrantes no país permitindo, por exemplo, que os guardas de fronteira revistem todas as malas dos refugiados para procurarem bens de valor que poderão ser confiscados para pagamento de despesas relacionadas com os "cuidados" que o Estado tem para com eles.

A lei que será votada no próximo dia 17 no parlamento do país devendo entrar em vigor em fevereiro foi defendida pela ministra da Integração, Inger Stojberg nestes termos: “ A Europa está a receber muitos refugiados e a Dinamarca recebe a sua parte. Mas se acolhermos um grande número, a sociedade dinamarquesa fica sob pressão e tornado-se assim mais difícil garantir uma integração com sucesso”.

A memória do nazismo

Apesar da apatia demonstrada pela sociedade daquele país nórdico, este pacote de medidas tem levantado alguma polémica em determinados sectores políticos porque para além do seu carácter indigno, lembra os tempos do nazismo.

este pacote de medidas tem levantado alguma polémica em determinados sectores políticos porque para além do seu carácter indigno, lembra os tempos do nazismo.

Uffe Elbak do partido ecologista Alternativet afirmou ao jornal francês "Liberation" que os guardas de fronteira "não têm qualificações" para decidir o que vale ou não mais de 400 euros, enquanto o especialista de relações internacionais do Partido Liberal Social disse ao jornal "Washington Post" que esta legislação “causa danos à reputação da Dinamarca”.

Por seu turno, Jens Rhode que por causa desta lei abandonou o Partido Liberal Social integrando agoroa o Partido Social Democrata afirmou ao jornal "Politiken" que as opiniões do Partido do Povo Dinamarquês são "legítimas mas não compreendo porque é que temos de as copiar". E acrescentou: "Estou preocupado por não ver uma grande indignação no povo dinamarquês, por não ver mais pessoas a dizer que isto não pode ser assim. Não podemos aceitar que tirem as últimas jóias e os últimos restos de dignidade aos refugiados na Dinamarca”.

O primeiro-ministro dinamarquês, justificou estas medidas em Bruxelas argumentando que no seu país “quem tiver uma fortuna pode arranjar-se sozinho mas se não tiver dinheiro é a comunidade que paga”.

“É assim com os beneficiários das prestações sociais e é o que acontece com os requerentes de asilo", sublinhou Lars Rasmussen.

Refira-se, no entanto que para a maioria dos analistas o objectivo da lei é impedir a entrada no país de imigrantes e refugiados (a Dinamarca irá receber 20 mil refugiados) algo que é um ponto de honra para o Partido do Povo Dinamarquês, uma organização de extrema direita racista e xenófoba que nas últimas eleições obteve 21,1 por cento de votos contra 19,5 por cento do Partido Liberal do primeiro ministro Rasmussen e que por isso precisa do seu apoio para se manter no poder.

Com o objectivo de retirar esta  lei da agenda do parlamento foi lançada uma petição online.

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