Na passada sexta-feira, a Dielmar pediu insolvência por dívidas a fornecedores, deixando cerca de 400 trabalhadores sem emprego. Estes foram apanhados de surpresa quando estavam de férias. Ao Jornal de Notícias, Marisa Tavares, do Sindicato Têxtil da Beira Baixa, declarou que a Comissão Sindical da empresa nada sabia, “o que estranhamos”, e por isso pediu “informações urgentes à administração”. Esta segunda-feira acontece um plenário à porta da empresa os trabalhadores decidirem como enfrentarão a situação.
A empresa tinha sido fundada em Alcains a 12 de maio de 1965. Juntou quatro alfaiates que contribuíram com os seus nomes, Dias, Hélder, Mateus e Ramiro, para a sigla pela qual ficou conhecida. Beneficiou da proximidade com as empresas de lanifícios da Covilhã e desenvolveu uma marca direcionada para a roupa masculina e os estratos mais altos do mercado. Um dos contratos que a tornou conhecida foi com a Federação Portuguesa de Futebol entre 2014 e 2018. Vestiu assim os jogadores da seleção portuguesa de futebol na altura em que venceu o campeonato europeu.
Segundo o JN, a fábrica de confeção têxtil já vivia dificuldades antes da pandemia. Mas os confinamentos agravaram a situação, fechando lojas e perdendo encomendas. A empresa, que antes tinha dez lojas próprias e exportava cerca de 70% da produção para 25 mercados e faturava perto de 15 milhões de euros, acabou por recorrer ao lay-off então.
Ana Paula Rafael, a filha de um dos fundadores, que se tornou administradora em 2008 escreve, em comunicado de imprensa, que a partir daí “foram longos e duros 16 meses e um esforço imenso e solitário da equipa Dielmar para conseguir fazer sobreviver a empresa nesta pandemia sanitária e económica”.
Nesse comunicado, Ana Paula Rafael manda ainda um recado ao governo: “talvez a insolvência da Dielmar seja o alerta e o farol para que possam repensar com carácter de urgência o interior e apoiar as indústrias que ainda aqui existem e que suportam, há décadas, a fixação das pessoas e a economia e equilíbrio social da região. E que proporcionam, sobretudo, oportunidades de trabalho para as mulheres.” Pede assim que “sejam tomadas verdadeiras medidas e iniciativas a favor do interior, para que todos estes trabalhadores voltem a poder ter o seu emprego aqui e não tenham que sair da sua terra para trabalhar”.