Os dados são do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e dizem que no mês de abril foi desflorestada uma área de 529 quilómetros quadrados na Amazónia brasileira, o que corresponde a um aumento de 171% face ao mesmo período no ano passado.
Nos primeiros quatro meses de 2020, a desflorestação acumulada foi de 1.073 quilómetros quadrados, o que em termos homólogos corresponde a um aumento de 133% - é que no período entre janeiro e abril de 2019 a desflorestação correspondeu a 460 quilómetros quadrados. Estes dados são obtidos com a ajuda de imagens de diferentes satélites que analisam as mesmas áreas geográficas a cada cinco dias.
Este levantamento de informação foi feito pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon e não tem qualquer ligação com o governo do país. E os dados governamentais são bem diferentes: segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) houve um aumento da área desflorestada de 63,75% face ao mesmo período de 2019. Para o INPE, os sinais de alerta de desflorestação correspondem a 405,6 quilómetros quadrados.
Se se confirmarem os dados divulgados pelo Imazon, isto significa que a desflorestação ocorrida em abril de 2020 foi a maior em dez anos.
Em comunicado, o Imazon explica que em abril “a maioria (60%) da desflorestação ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse. O restante da desflorestação foi registado em unidades de conservação (22%), assentamentos (15%) e terras indígenas (3%)”.
Ainda segundo o Imazon, quase um terço (32%) de toda a área desmatada está dentro do Pará. Este estado será mesmo o líder do ranking daqueles com maior área de floresta destruída em abril, noticia o portal de notícias G1. Segue-se Mato Grosso em segundo lugar (26%), Rondônia (19%), Amazonas (18%), Roraima (4%) e Acre (1%).
Este aumento exponencial da desflorestação da Amazónia ocorre em plena pandemia e numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o distanciamento social entre todos, sobretudo para as populações em risco. Segundo a OMS, a população indígena está entre as mais vulneráveis à covid-19 e a desflorestação só aumentará o seu grau de risco.