Esta quinta-feira, Bloco, Livre e PCP juntaram-se para entregar um requerimento na Assembleia da República para que a privatização da TAP seja apreciada no Parlamento. A partir da “exigência de defender o interesse público e o interesse nacional”, manifestam a “clara rejeição desse processo de privatização” que defendem ser “intrinsecamente desastroso”
Lembram que o principal argumento deste governo, que a empresa “não irá sobreviver se não for privatizada”, “é exatamente o mesmo que foi proclamado para justificar a primeira tentativa de privatização com a venda à Swissair em 1998/2000, num processo que quase destruiu a TAP com a falência do comprador”. O mesmo tem sido repetido nas “sucessivas tentativas de privatização”. Mas a TAP “sobreviveu e existe hoje, justamente por ter ficado na esfera pública”.
De acordo com estes partidos, o executivo de direita avança com uma nova privatização “num momento em que a TAP está estabilizada, capitalizada, saneada financeiramente, em condições de enfrentar as exigências do futuro”.
Para eles, também não colhe a ideia de que é preciso vender a TAP para recuperar o dinheiro que o Estado aí investido porque, pelo contrário, é mantendo a TAP pública que o Estado “recupera e remunera esse investimento".
Acrescentam ainda que está a caminho não uma privatização parcial mas “uma privatização total realizada por fases” de um “ativo estratégico para a economia nacional”.
Nas suas redes sociais, a deputada bloquista Mariana Mortágua considera que “o PSD já tinha tentado vender a TAP no passado e foi a desgraça que se viu”. E “agora quer repetir o erro”. Assim, a iniciativa conjunta dos deputados da esquerda é apresentada como “uma boa notícia” porque “é juntando forças que enfrentamos a direita”.
O PSD já tinha tentado vender a TAP no passado e foi a desgraça que se viu. Agora quer repetir o erro. Mas há uma boa notícia: os deputados do Bloco, PCP e Livre juntaram-se para pedir a apreciação parlamentar do decreto. É juntando forças que enfrentamos a direita.
— mariana mortágua (@MRMortagua) August 14, 2025
À Lusa, o deputado do PCP Alfredo Maia destaca que a privatização faz com que o país perca “a autonomia num instrumento fundamental numa companhia que assegura não só as ligações para as regiões, mas também para inúmeros destinos no mundo que são vitais” e que é “um dos maiores exportadores da economia”.
Isabel Mendes Lopes, porta-voz do Livre, por sua vez, defende que a TAP se deve manter na esfera pública para “servir os interesses estratégicos de Portugal”, sendo um “ativo muito importante” que “tem dado lucro” e uma “importante” para a ligação à diáspora e ao mundo.