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Covid-19: Trump quer “desviar” para os EUA a empresa alemã que investiga vacina

O governo alemão denunciou que a administração norte-americana quer pôr a empresa que investiga a vacina para o Covid-19 a trabalhar em exclusivo para os EUA.
Trump, Pence e Debbie Birx
Debbie Birx, coordenadora da equipa de resposta ao coronavírus, numa conferência de imprensa esta semana com Trump e Pence. Foto Casa Branca/Flickr

A notícia foi publicada no jornal alemão Welt am Sonntag e confirmada pela Reuters junto de fontes do governo de Angela Merkel: os Estados Unidos estão a tentar ter acesso privilegiado à vacina que está a ser desenvolvida pela empresa alemã CureVac. Segundo a versão publicada pelo jornal alemão, citando uma fonte anónima do governo, Donald Trump estaria empenhado em garantir que o trabalho dos cientistas fosse em exclusividade para assegurar a vacina, “mas só para os Estados Unidos”.

A empresa reagiu com um comunicado a afirmar que “rejeita todos os rumores” de que se esteja a preparar a sua compra por capital norte-americano e diz que não comenta quaisquer declarações acerca de ofertas de aquisição da sua tecnologia ou da própria empresa.

Na semana passada, o co-fundador e chefe de produção da CureVac disse à Reuters que a empresa já estava em processo de seleção dos dois melhores candidatos para uma potencial vacina para entrarem em ensaios clínicos. O CEO da empresa encontrou-se há poucos dias com Donald Trump, Mike Pence e outros membros da task-force montada pela Casa Branca para responder à pandemia. O tema do encontro foi naturalmente a evolução dos trabalhos para alcançar a vacina.

“O capitalismo tem limites”, diz deputado do SPD e epidemiologista

A notícia provocou uma reação imediata do governo alemão, com uma porta-voz do Ministério da Saúde a afirmar que o governo “está muito interessado em assegurar que as vacinas e substâncias ativas contra o novo coronavírus sejam desenvolvidas na Alemanha e na Europa”, pelo que se mantém em contacto permanente com os gestores da empresa.

Outro porta-voz do governo, mas da pasta da Economia, disse à Reuters que a lei alemã prevê que o executivo possa vetar negócios com países fora da União Europeia “se os interesses de segurança nacionais ou europeus estiverem em jogo”.

Mais contundente na reação foi o epidemiologista Karl Lauterbach ao afirmar que “a venda exclusiva de uma eventual vacina aos EUA deve ser impedida por todos os meios”. “O capitalismo tem limites”, afirmou o especialista que é deputado do SPD desde 2005, acrescentando que “não podemos continuar a depender de medicamentos da China e dos EUA”.

 

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