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Coordenadores do Bloco escrevem "Carta às Esquerdas"

Os resultados das eleições europeias de 25 de Maio convocam toda a cidadania à esquerda para uma reflexão urgente sobre o futuro de Portugal e da Europa, o aumento da abstenção e as próprias escolhas de quem se pronunciou. Em Portugal, um dos países europeus mais atingidos pelas políticas de austeridade, a resposta social foi insuficiente para enfrentar a troika e, agora, nas eleições, a polarização à esquerda do descontentamento popular ficou aquém da gigantesca abstenção verificada. As forças da esquerda, em que o Bloco de Esquerda só atinge a eleição de uma deputada, não somam um quinto dos votos. Este tempo apela assim à reflexão sobre o futuro.
Na luta pelo poder entretanto aberta no PS, a crispação entre os dois protagonistas não ilude o compromisso de ambos com as políticas da UE e a aceitação, resignada ou entusiasta, do Tratado Orçamental que impõe mais cortes, promove o desemprego, acentua o declínio nacional e a pressão para o êxodo dos jovens. Quem aplicar esta estratégia governa contra o país e não tem uma política de esquerda.
No caminho para as eleições de 2015, uma esquerda que pretenda protagonizar um caminho efetivamente alternativo para Portugal tem, na nossa opinião, duas obrigações irrecusáveis perante o país: primeira, não dar qualquer apoio a um governo, mesmo que dirigido pelo PS, que prossiga políticas de austeridade como as impostas pelo Tratado Orçamental; e, segunda, construir um amplo campo de recusa das imposições da União Europeia e de concretização de um programa de transformação social fundado no primado dos direitos constitucionais e na universalidade dos serviços públicos. Sobre essa base, é possível uma oposição convergente e reforçada, capaz de afirmar-se como alternativa e de triunfar sobre a alternância estéril.
Ao apreciar os resultados eleitorais na sua Mesa Nacional, o Bloco sublinhou a necessidade de um diálogo aberto entre partidos e forças que lutam contra a austeridade, que saiba juntar energias e envolver cidadãos independentes, ativistas e movimentos sociais, indispensáveis ao esforço para a construção de uma alternativa alargada.
Essa convergência é possível, como ficou à vista nas mobilizações de rua dos últimos três anos, na ação parlamentar comum dos partidos de esquerda, noutras iniciativas várias como os fóruns e ações promovidos pelo movimento sindical. Convergência, também, nas propostas de rejeição do memorando e do Tratado Orçamental e pela reestruturação da dívida, desde o Congresso Democrático das Alternativas até ao Manifesto dos 74 pela reestruturação da dívida.
Pela nossa parte, estamos empenhados nesse percurso de pensamento e articulação com vista a formas de convergência de oposição e de proposta em torno de bases programáticas claras que, gerando mobilização e entusiasmo, permitam ganhar força política, social e eleitoral. A dimensão dos problemas que o país enfrenta exige uma grande convergência das esquerdas. Julgamos que só esse caminho permite abrir um horizonte de esperança a quem não desiste de Portugal.
Catarina Martins e João Semedo
Coordenadores do Bloco de Esquerda
Comentários
Concordo plenamente! As lutas
Concordo plenamente! As lutas da esquerda nunca foram fáceis e agora também não o são. Mas saltar para aliás espúrias com este PS é a morte do artita. E da esquerda, já agora!
convergencia das esquerdas
Fazer convergir toda a esquerda para derrubar este governo, é uma emergência vital, e mais, trata-se até de salvar a nossa sanidade mental.
Mas o PS de Seguro não se mostrou à altura de tal tarefa e também ainda não ouvimos, o que A. Costa pensa acerca do tratado orçamental, nem da sempre crescente dívida.
:)
:)
"Carta às Esquerdas"
Gosto da vossa atitude publica, de sincera Humildade combativa, espero que sejam, imitados pelas distritais, concelhias e núcleos.
Caras/os aderentes do Bloco do distrito de Braga
Na próxima 6ª feira, dia 6, pelas 21:30 h, na sede de Braga, terá lugar uma reunião aberta a todas/os os aderentes do distrito para debatermos a situação política pós eleições europeias e o Bloco.
Contamos com a tua presença.
A Coordenadora Distrital
No meu caso estou agora entusiasmado, para participar hoje em Braga. Oportunamente darei noticias sobre o contagio provocado "Carta às Esquerdas" cá na distrital de Braga.
Continuo a não perceber a
Continuo a não perceber a grande dificuldade em convergir com quem está próximo do Bloco (congresso das alternativas, partido livre e manifesto 3D) em favor de quem está mais longe e que nunca poderá convergir numa alternativa de política e de governo (alguns subscritores do manifesto pela reestruturação e provavelmente o PC por razões diferentes). O Bloco deve abandonar a política de que só a ceita convergências com o PS se o PC também for (foi o que aconteceu nas autárquicas de Caminha), ainda que concorde com as opções programáticas. O Bloco deve ajudar a construir um terceiro pólo à esquerda que evite a continuação da política de austeridade da direita e que não abra caminho à austeridade do PS ou do bloco central. Já agora, a crítica da austeridade já não é um exclusivo da esquerda.
Só haverá alternativa quando...
1- Quando os dirigentes das diversas formações políticas de esquerda PARAREM se considerar investidos da «razão» e da «linha certa» etc.
2- Quando tiverem a humildade verdadeira de ANALISAR os seus erros crassos no passado, que alienaram um voto popular mais vasto e, sobretudo, alienaram a oportunidade de o potenciar
3- Quando deixarem de viver numa redoma e de olhar para o campo social como uma espécie de lugar onde vão «conquistando» esta ou aquela posição.
4- Quando eles, quadros e dirigentes nos diversos partidos anti-capitalistas perceberem que - em 40 anos - afundaram, diminuiram (pela instrumentalização permanente) as instâncias sindicais e outras com seus manobrismos políticos.
5- Quando puserem à frente de seus interesses eleitorais imediatos a procura de uma união no próprio povo, pois é dele e de mais ninguém que virá a legitimidade futura de um governo de esquerda e de um programa coerente
6- Quando tiverem a coragem e humildade de debater sem tabiques e sem preconceitos com outros, quer forças organizadas em partidos políticos, quer activistas do movimento social, sobre o conteúdo de uma convergência das forças SOCIAIS de esquerda.
Aguardo uma reação saudável da sua parte... VEREMOS!
Nota: pelos comentários lidos, de pessoas que costumam postar aqui, neste site, muitos apenas manifestam preocupação ao nível POLÍTICO, esquecendo que uma vitória de esquerda verdadeira só pode ser de ALTERNATIVA SOCIAL VERDADEIRA, ou não será. Parece-me portanto que a cultura política/ social deste país se aproxima do grau zero. Deve-se portanto fazer um esforço de formação sério nas fileiras dos que estão «por baixo e à esquerda».
viver na esquerda a esquerda um compromisso.
Numa o bloco com a derrota eleitoral ficou a ganhar clarificar adeptos que tinha que mais pareciam do cds, daqueles que pelo mesmo motivo correram para o bloco, para o marinho, e outros etc. e neste ponto fez bem limpar a casa, do mesmo modo precisa a outra esquerda , clarificados quem sabe ,já tiveram uma grande coligação a de lisboa das melhores pós 25 abril ,por interesses pessoais e mesquinhos não se aplicou ao pais, hoje precisamos dela como do pão para a boca, eu voto Cdu ,sem compromisso com as minhas ideias e pontos de vista , sabendo que esta força politica na hora de decidir e tem demonstrado e corre o risco de ficar sozinha mas não desiste da sua condição, mas será' capaz numa aprendizagem que já existiu dos velhos tempos do tapem-lhe a cara, dar a volta aos seus objetivos parar o avanço desta conduta e canalhice neofascista que parte da extrema direita e vai conviver connosco paredes meias sem fundamento social que não seja acompanhar a esquerda pela direita, parto do principio que todos nos sociedade que não vive da politica e para a politica ficaria a ganhar ... limpem as casas ... façam uma grande coligação e querem ver começar a sair dinheiro debaixo destas pedras neofascistas que e' a europa que nos trama da qual não pedimos para nascer neste aguenta Ambrósio ... pensem numa grande coligação e todos ficarão a ganhar....bloco e toda a esquerda baseada nos princípios que constituem a constituição da republica.
Compromisso de esquerdas.
Andar atrás do P.S. para alianças, é o mesmo que rapaz andar atrás de rapariga e ela não querer casar. É assim à quarenta anos.
Por muitas vezes que o P.S. mude de líder, a questão está nas politicas que fomenta.
Eu não tenho ilusões, mesmo que o P.S. vá novamente para o governo, vai eliminar as leis do P.S.D. de asfixia para o nosso País.
Temos que tirar lições do passado. Quantas anulou? Vai anular as lei das quarenta horas, a do corte das pensões? Entre outras.
Faz-me lembrar, fazer uma novena a pedir que chova em tempo de seca.
Compromisso de esquerdas
A situação política atual é o resultado do pequeno-(neo)burguesismo a que as pessoas de esquerda se encostaram desde a revolução dos cravos. A grande campanha antirrevolucionária liderada por Mário Soares, suportada pelos Estados Unidos e encomendada por Frank Carlucci atirou o país para esta situação onde defender quem trabalha e lutar por direitos é coisa medieval. O PS deixou-se disso há muito tempo. Defende um “Socialismo moderno” “Socialismo em Liberdade” e nem se importa mesmo de se afirmar Social-democrata. A realidade é que o Bloco de esquerda aparece também desta “evolução”, os partidos da esquerda revolucionária deram lugar a um movimento que abdicava da reivindicação para poder integrar o sistema. Os altos e baixos da sua popularidade são reflexo exatamente das curvas e desvios para albergar o eleitorado que em teoria daria ao Bloco a hipótese de chegar à zona de governação se nessa altura o PS não tivesse tido maioria absoluta.
Na minha modesta opinião, a esquerda só será alternativa, ou antes, isto só tem alternativa quando assumirmos todos que sem reação voltaremos de novo ao liberalismo de há dois séculos onde o trabalho não era regulado e o direito de quem trabalhava era apenas trabalhar. A luta de classes está aí mais presente que nunca. Quem pensava que podia passar ao lado da reivindicação só porque conseguiu comprar um carro e uma casa a prestações, bem pode começar a dar corda aos sapatos. Era sabido que o abrandamento da luta levaria a esta situação que tem tido como combustível a colaboração pouco da UGT.
Em boa verdade não fosse a coerência e tenacidade da PCP e da CGTP e a situação nos dias de hoje estaria bem pior.
João Castro
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