Cultura

Contra extrema-direita, editoras e livrarias questionam ministra da Administração Interna

07 de agosto 2024 - 18:23

20 entidades do setor do livro instam o governo a tomar medidas urgentes para impedir a continuação dos ataques da extrema-direita contra apresentações de livros e garantir a segurança e a liberdade de qualquer cidadão.

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Livraria Lello.
Livraria Lello. Foto de Jorge Franganillo /Flickr.

Um grupo de cerca de 20 entidade entre associações, editora e livrarias, escreveram esta quarta-feira uma carta aberta à ministra da Administração Interna, com conhecimento da ministra da Cultura, manifestando-se “preocupadas e indignadas com os repetidos ataques de elementos da Habeas Corpus e do partido de extrema-direita “Ergue-te” a escritoras de livros infantojuvenis e a bibliotecários, à leitura tranquila numa Biblioteca pública e a apresentações de livros e debates”.

A missiva é também subscrita por mais de duas mil pessoas (até ao momento em que foi redigida esta notícia) e continua a aceitar subscrições através desta ligação.

Os subscritores notam que “além dos ataques verbais, num intento claro de boicote aos livros, às suas autoras e ao seu público, esses elementos têm invadido e desrespeitado a privacidade das autoras”.

Os elementos da extrema-direita procuram assim “criar um clima de medo e insegurança, intimidam com berros e insultos, calúnias e mentiras”, tendo um “discurso de ódio, violento e discriminatório” que é público com “ataques e ameaças” muitas vezes “gravados pelos próprios e, depois, orgulhosamente partilhados nas redes sociais”.

Estes agentes culturais e educativos sentem-se no dever de defender a “efetivação dos direitos sociais e culturais” à expressão e à “liberdade de pensamento”, “de se informar e de ser informado, sem impedimentos nem discriminações”. Estes são, vincam, direitos consagrados na Constituição da República Portuguesa e na Declaração Universal dos Direitos Humanos pelo que “não podem ser impedidos ou limitados por qualquer tipo ou forma de censura”.

Desta forma, instam o Ministério da Administração Interna a “tomar medidas urgentes para impedir a continuação destes incidentes graves e para garantir a segurança e a liberdade de qualquer cidadã(o)”, a Justiça a “agir com urgência em relação às queixas apresentadas” e livrarias, bibliotecas, feiras do livro e outras entidades organizadoras de eventos públicos a tomar medidas de precaução e apresentar queixa às autoridades “sempre que o seu espaço é invadido e a liberdade, segurança e conforto dos seus clientes e utilizadores são postos em causa.”

Concluem a carta com um apelo aos cidadãos a que não deixem “que a censura, a perseguição e a intimidação voltem a fazer sombra sobre livros, autores e leitores” e uma citação de Desmond Tutu: “se ficarmos neutros perante uma injustiça, escolhemos o lado do opressor”.

As primeiras subscrições são da Acesso Cultura, por parte de Rita Pires dos Santos, Presidente da Direção, da BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas, Profissionais da Informação e Documentação, por parte de Ana Alves Pereira, Presidente do Conselho Nacional, da

BAOBÁ livraria, na pessoa de Ana Rita Fernandes, livreira, da Cordel d´Prata, através de Luis Rodrigues, sócio-gerente, da Faz de Conto Livraria, com Sofia Correia, da Fonte de Letras, por parte de Helena Girão Santos, sócia-gerente, da GATAfunho, editora e livraria independentes, com as assinaturas de Ana Paula Faria e Inês Araújo, sócias-gerentes, do Grupo Leya Publicações Dom Quixote, através de Pedro Sobral, Administrador executivo, da Kalandraka Editora Portugal na pessoa de Margarida Noronha, diretora editorial, da Livraria Culsete com Rita Siborro, da Livraria da Travessa, através do fundador Rui Campos, da Livraria Snob, por parte de Duarte Pereira, Sócio-gerente, da Livraria Tigre de Papel, através do gerente Bernardino Aranda, da Orfeu Negro editora, na pessoa de Carla Oliveira, Editora e Sócia-Gerente, da Papa Livros, com Adélia Carvalho, editora, da Penguin Random House Grupo Editorial – Portugal, na pessoa de Clara Capitão, diretora editorial e co-diretora geral, da Planeta Tangerina, na pessoa de Isabel Minhós Martins, Autora e Editora, da ReLI – Rede de Livrarias Independentes, através da presidente Sofia Afonso da livraria Centésima Página, da Salta Folhinhas – livraria infantil, subscrito por Teresa Cunha, e da Térmita com Hugo Brito, livreiro.

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