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Comissão Europeia sublinha o gasto energético das criptomoedas

Apesar de pressionado pela crise energética, o plano de ação da Comissão Europeia acaba por ficar aquém das expetativas, ao prometer para 2025 uma avaliação do impacto ambiental da mineração de criptomoedas e medidas para o mitigar.
Foto www.moneybright.co.uk

No mesmo dia em que anunciou medidas de desregulamentação financeira para garantir liquidez às empresas energéticas, a Comissão Europeia apresentou um plano de ação para a “digitalização do sistema energético”.

Dentro das várias medidas cuja ideia central é reduzir o consumo de eletricidade também no setor tecnológico e reforçar a cibersegurança das redes energéticas, a Comissão sublinha o gasto energético associado à mineração de criptoativos.

A Comissão avança com números concretos: “O consumo de energia das criptomoedas aumentou 900% nos últimos 5 anos e quase duplicou em comparação com os 2 anos anteriores, atingindo cerca de 0,4% do consumo mundial de eletricidade”.

Ambições da Comissão Europeia pouco ambiciosas e concretas

Apesar do sinal político que dá, a Comissão Europeia é recuada nas suas intenções. Compromete-se com a avaliação do impacto ambiental e climático da mineração (“extração”) de criptomoedas, bem como a apresentação de opções para o mitigar, mas num relatório a publicar apenas em 2025. Pretende também criar, em cooperação internacional, um rótulo de eficiência energética para as tecnologias blockchain.

De lembrar, que as negociações em julho sobre a regulamentação sobre o Mercados em Ativos Cripto (MiCA) incluíram a obrigação das plataformas de compra e venda de criptoativos de declararem a metodologia utilizada na criação da criptomoeda e o seu gasto energético. 

Na altura, o eurodeputado responsável pela representação do grupo parlamentar “The Left” nestas negociações, Chris MacManus, sublinhava que a posição adotada era mais fraca do que o que defendia - banir os criptoativos com maior impacto ambiental. O gasto energético e as implicações ambientais da Bitcoin, por exemplo, estão bem documentadas. 

Pressionado pelo imediatismo da crise energética, o executivo comunitário acrescenta nas notas explicativas “No caso de haver necessidade de reduzir a carga nos sistemas elétricos, os Estados-membros têm de estar preparados para parar a mineração de criptoativos”. Contudo, no documento em si, apela aos Estados-Membros que devem “implementar medidas específicas e proporcionais para reduzir o consumo de eletricidade dos mineradores de criptoativos”.

Não é claro se a Comissão tenciona criar uma medida vinculativa e se pensa travar por completo estas atividades ou apenas reduzi-las.

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