Enquanto o presidente de ultra-liberal de extrema-direita Javier Milei tenta convencer o mundo da existência de um “milagre argentino” e garante que merece um prémio Nobel da Economia por isso, os números oficiais dão uma visão bem mais realista e sombria da economia do seu país.
O instituto de estatísticas argentino, Indec, avançou esta quinta-feira que 52,9% da população argentina está abaixo da linha de pobreza, ou seja 24,9 milhões de pessoas. Trata-se de um aumento de 11,2% em relação ao primeiro semestre do ano passado.
No que toca às crianças, a situação é ainda pior com 66% delas em situação de pobreza. Perto de sete em cada dez crianças é pobre e uma em cada três não tem o que comer. Na terceira idade houve um aumento de reformados pobres de 13,2% para 29,7%. O cabaz alimentar básico é agora quase três vezes mais do que a pensão mínima mais abonos.
O mesmo organismo informa que a indigência aumentou em 8,8% face a igual período do ano passado, atingindo agora 18,1% dos argentinos, isto é 8,5 milhões.
Outros números significativos são a inflação que atingiu os 236,7%, a recessão que é estimada em -3,5% no fim do ano, uma subida do desemprego de 6,2% para 7,7% e a queda de 1,7% do PIB no segundo trimestre do ano, comparado com o trimestre anterior. O salário mínimo perdeu 26% desde que o governo de Milei tomou posse.
As mobilizações contra a política do presidente argentino continuam com uma greve de 48 horas nas universidades do país contra os cortes no financiamento. A 2 de outubro centrais sindicais e movimentos sociais voltam a sair às ruas.