O preço do cabaz alimentar básico de 63 produtos essenciais, calculado pela DECO/Proteste, custa agora 234,84 euros, mais 4 euros do que na semana anterior. Face a fevereiro do ano passado, estamos perante uma subida de 28%. Nos últimos sete dias, o quilo de bacalhau encareceu 15% e o café 14%. Já as massas espirais e a perna de peru registaram aumentos de 12% e 10%, respetivamente.
Tendo em consideração o período homólogo, nove bens essenciais apresentam aumentos de preços que ultrapassam os 50%. É o caso da couve coração, arroz carolino, cebola, polpa de tomate, cenoura, salmão, azeite virgem, açúcar e alface frisada. No que respeita à cebola, cenoura ou azeite, a ASAE já identificou margens de lucro brutas acima dos 40% nos supermercados. Mas o aumento de preços é global, já que todas as categorias de bens alimentares subiram. O peixe está 30% mais caro e a fruta e legumes 32%. Os congelados registaram aumentos de preços na ordem dos 17% e os laticínios e produtos de mercearia estão 26% mais caros desde fevereiro do ano passado.
O Governo está bem ciente desta escalada dos preços dos alimentos. Em entrevista ao Diário de Notícias e TSF, o ministro da Economia e do Mar sublinha que o “que se tem verificado, e temos de ser rigorosos e sérios na análise, é que tivemos inflação em fevereiro na ordem dos 8,2% e a inflação dos produtos alimentares é quase três vezes superior a esse valor”.
Ainda assim, o executivo socialista afasta a hipótese de avançar com a fixação de preços: “Digo sempre o que penso e todas as análises que fiz em estudos económicos me dizem que sempre que se fixa preços administrativamente as coisas não funcionam”.
O governante alega que “o mercado é o melhor instrumento que temos para fixar preços”.
“O que estamos a tentar desenvolver, o Governo tem agido em múltiplas dimensões, é tentar a autorregulação, o que significa que as empresas também façam uma oferta de produtos que sejam sensíveis a este clima de preços e que seja uma oferta positiva”, detalha António Costa Silva.
O ministro da Economia e do Mar também parece querer pôr de parte a hipótese da redução do IVA, que considera não estar a ter efeitos em países como Espanha.
Questionado sobre se considera que existe, de facto, “especulação de preços", o ministro garantiu que confia “nas empresas e nos operadores económicos”, e que não quer “lançar nenhuma suspeição”.
"Temos de aguardar os números e as próprias empresas já disseram que vão contribuir (...) para se ver qual é o mecanismo de formação dos preços. O pior que pode acontecer é vivermos com uma suspeição generalizada contínua", vincou.