Co-autor do relatório do FMI fez campanha contra a austeridade

17 de janeiro 2013 - 14:07

Carlos Mulas-Granados lançou, em maio de 2012, uma campanha denominada “a austeridade não está a funcionar”, na qual criticava, entre outras medidas, a redução das prestações sociais e o aumento das propinas no ensino superior, implementadas pelo primeiro ministro britânico, David Cameron.

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O professor de Economia na Universidad Complutense, que foi assessor de Zapatero e que preside à Fundação Ideas, responsável pela promoção da campanha anti austeridade, assinou um texto, conjuntamente com Carmen de Paz, citado pelo Diário de Notícias, no qual defendia que “uma redução de défice pode ser obtida através de muitas diferentes combinações de aumentos da receita e cortes na despesa; não tem de ser exclusivamente associada a a cortes dolorosos nas despesas sociais”.

O co-autor do relatório do FMI, intitulado “Repensar o Estado”, adiantava ainda que “os conservadores estão a tentar usar os ajustamentos orçamentais durante o tempo de crise para reduzir o papel e o tamanho do Estado”.

Neste documento, Carlos Mulas-Granados criticava medidas concretas implementadas pelo primeiro ministro britânico David Cameron, entre as quais a redução das despesas sociais e o aumento das propinas do superior, duas medidas que também constam do relatório apresentado pelo FMI para Portugal e que é assinado por este economista.

Sobre o caráter ideológico das medidas de austeridade, o ex assessor de Zapatero defendia, num artigo publicado no jornal El País, que “a quem vem proclamar que os ajustamentos não podem ter ideologia [lembre-se que] a política com maiúscula versa exatamente sobre isso: a decisão sobre quem recebe o quê, como e quanto”.

Em 2009, Carlos Mulas-Granados foi também co-autor de um estudo do FMI sobre a eficácia da política orçamental na sequência de crises financeiras no qual é defendido que “respostas contraciclo atempadas (combinando medidas específicas e estabilizadores automáticos), acompanhadas de ações que lidem com a fragilidade do setor financeiro, contribuem para encurtar as crises em quase um ano” e que “pacotes de estímulo que assentam sobretudo em gastos do Estado são mais eficazes no encurtar da crise que os baseados no investimento público”.