CIDAC lança revista para promover “outro olhar sobre a economia”

02 de outubro 2023 - 11:02

A Outras Economias pretende disponibilizar “chaves de descodificação” para a economia a partir de um ponto de vista crítico do “sistema económico hegemónico”, favorecendo o espírito crítico e "posicionamentos e práticas individuais e coletivas solidárias, a nível local e global”.

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O Centro de Intervenção para o Desenvolvimento Amílcar Cabral (CIDAC) lançou a revista Outras Economias, uma “publicação digital multimédia quadrimestral” que pretende lançar “um outro olhar sobre a economia”.

Na sua apresentação, os responsáveis da publicação partem do princípio que existe “um défice no debate democrático” porque “muitas pessoas se consideram não-aptas ou sem legitimidade para pensarem, se pronunciarem ou agirem sobre questões económicas”. Considerando esta área fundamental para que “os cidadãos e as cidadãs possam dispor de chaves de descodificação para entenderem melhor esta realidade complexa e tenham acesso ao vasto campo de alternativas, isto é, experiências de alteridade em relação ao modelo económico dominante”, a publicação propõe-se “produzir, coligir, traduzir e difundir informações, reflexões e ferramentas que permitam entender melhor o sistema económico vigente e os seus impactos sobre a vida das pessoas e o meio ambiente, no Norte e no Sul geopolíticos, favorecendo o espírito crítico e posicionamentos e práticas individuais e coletivas solidárias, a nível local e global”.

Cada número da revista vai explorar “de maneira aprofundada e multifacetada” uma temática, havendo uma secção fixa em cada número dedicada à atualidade das alternativas económicas a nível nacional e internacional. E será pretexto para “atividades educativas e de debate, conferências, mesas redondas, encontros, formações para educadores e educadoras, sessões em escolas e universidades, entre outros”.

A linha editorial da revista é assumidamente “crítica do modelo capitalista e defende modelos baseados na justiça social, económica e ambiental, democráticos e que promovem solidariedades locais e globais” e a revista será financiada em 75% por fundos públicos oriundos do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua através da linha de financiamento de projeto de Educação para o Desenvolvimento destinada às ONGD e em 25% pelo CIDAC.

No primeiro número, tratam-se as “EconomiaS no plural” para vincar que a economia é “parte integrante de um sistema social mais abrangente, que inclui as dimensões cultural e política, e que, por sua vez, está inserido na biosfera, da qual depende e com a qual interage”, dando-se destaque a “visões socioeconómicas sistémicas que propõem integrar aquelas dimensões, apresentando propostas concretas que visam mitigar ou superar os efeitos sociais e ambientais nefastos do sistema económico hegemónico”.

Pretende-se ainda analisar o “sistema económico hegemónico” que “se apresenta como a única via para alcançar a prosperidade e o bem-estar das sociedades humanas” e tenta-se “demonstrar que este sistema resulta de uma construção socio-histórica, política, e cultural, e que é não só legítimo, como indispensável, refletir criticamente sobre ele e explorar outras vias, alternativas, que valorizam a dignidade humana e respeitam a natureza, em vez de privilegiar a acumulação de riqueza”.

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