O Projeto Agroflorestal das Herdades de Murta e Monte Novo, em Alcácer do Sal, foi novamente chumbado a semana passada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo (CCDRA). O projeto previa a plantação de 658 hectares de abacate e já tinha recebido no mês de agosto um parecer negativo da Comissão de Avaliação de Impacte Ambiental dirigida pela CCDRA.
Na verdade, o projeto do grupo Aquaterra já tinha sido rejeitado em 2023, recebendo na altura um parecer negativo do Instituto de Conservação da Natureza. O projeto previa então uma cultura de 722 hectares de abacateiros, mas depois desse parecer foi reformulado para “minimizar” o seu impacto ambiental.
No entanto, a CCDRA não considerou que a minimização fosse suficiente e emitiu uma Declaração de Impacte Ambiental desfavorável à reformulação do projeto. O parecer indica “impactes negativos significativos a muito significativos”, não só ao nível da conservação da natureza, mas também dos recursos hídricos, das alterações climáticas e do ordenamento do território.
O projeto previa a criação de mais 32 furos de água nas Herdades da Murta e Monte Novo e vários pareceres defendiam que a reformulação do projeto não era viável, por não alterar significativamente os impactes negativos.
A decisão foi divulgada no site da APA, onde pode ser consultada a Declaração de Impacte Ambiental “desfavorável” à reformulação do projeto. O projeto inicial contava com uma área equivalente a 700 campos de futebol e seria a maior exploração de abacates em Portugal, mas a reformulação em questão não tinha uma dimensão significativamente menor.
No processo de consulta pública participaram movimentos e associações como a ALMARGEM e a Associação Dunas Livres, que se opuseram ao projeto e se bateram contra a sua aprovação devido aos efeitos ambientais destrutivos da proposta.