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“Catástrofe climática sem precedentes” deixa um terço do Paquistão submerso
Nas últimas semanas, as chuvas de monção no Paquistão ultrapassaram em mais de cinco vezes a média de 30 anos em algumas províncias, matando mais de 1.200 pessoas, entre as quais perto de 400 crianças, e ferindo mais de 6.000 desde junho. A chefe da agência de saúde reprodutiva da ONU, UNFPA, Natalia Kanem, enfatiza que dos 33 milhões de pessoas que já foram afetadas pelas cheias, o equivalente a 15% da população, cerca de 650.000 são mulheres grávidas.
O país conta com 1,1 milhão de casas destruídas e infraestruturas vitais totalmente arrasadas. O representante do UNICEF no Paquistão, Abdullah Fadil, explicou que “18.000 escolas foram destruídas e milhares de escolas estão totalmente fechadas”, o que tem um impacto dramático nas oportunidades de aprendizagem.
Os estabelecimentos de saúde também foram fortemente afetados, deixando os mais vulneráveis em risco. Mediante um expectável aumento de doenças como diarreia, cólera, dengue ou malária, a taxa de mortalidade agravar-se-á.
Matthew Saltmarsh, porta-voz da Agência da ONU para Refugiados, explicou que “aqueles que puderam, correram para a segurança em terrenos mais altos sem conseguirem resgatar os seus pertences” e que “abrigo, água potável e alimentos estão entre os itens mais urgentemente necessários após a enchente”.
Imagens recentes da Agência Espacial Europeia mostram como as chuvas torrenciais de monção levaram a que o rio Indo transbordasse, submergindo a terra por dezenas de quilómetros de largura. A perda de colheitas e gado tem um impacto significativo nos meios de subsistência e na nutrição das comunidades atingidas.
Chris Kaye, Diretor do Programa Mundial de Alimentos para o Paquistão alertou para o “grande problema na região” e o “desafio global particular” em garantir o apoio necessário para que país retome a produção agrícola, alimente o seu próprio povo, “além de ser a fonte contínua de fornecimento de alimentos para países vizinhos”.
Matthew Saltmarsh lembrou que o “Paquistão e o seu povo receberam milhões de refugiados afegãos por mais de quatro décadas, com cerca de 1,3 milhão registados agora no país, além, é claro, de um grande número de afegãos sem documentos”.
A Organização das Nações Unidas considera que estamos perante uma “catástrofe climática sem precedentes” e assinalou como o Paquistão tem sido particularmente afetado pelas alterações climáticas: "O sul da Ásia é um dos pontos críticos da crise climática global do mundo. As pessoas que vivem nesses hotspots têm 15 vezes mais hipóteses de morrer devido aos impactos climáticos", afrimou o secretário-geral da ONU, António Guterres, no início desta semana.
As inundações que já deixaram mais de um terço do país submerso foram precedidas por quatro ondas de calor e vários incêndios florestais violentos. Ainda que o Paquistão seja responsável por menos de 1% das emissões globais de carbono, está entre os 10 países mais vulneráveis aos impactos das alterações climáticas.
Paquistão pede apoio a comunidade internacional
Este sábado, o ministro do planeamento Ahsan Iqbal pediu uma “tremenda resposta humanitária para 33 milhões de pessoas” atingidas pelas chuvas de monção.
"Apelo aos meus colegas paquistaneses, expatriados paquistaneses e à comunidade internacional para ajudar o Paquistão nesta hora de necessidade", referiu Iqbal em conferência de imprensa.
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