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Catarina: Perdas do Novo Banco estão “às costas dos contribuintes”

A sala da Incrível Almadense encheu para o comício do Bloco de Esquerda. Catarina Martins diz que já e oficial a fatura que os contribuintes vão pagar pela resolução do BES e atacou os que veem “estabilidade” nos números da emigração, acima de 100 mil a cada ano que passa.
Foto Paulete Matos

O disparar do défice de 2014 por causa do Novo Banco regressou à campanha com a divulgação de um relatório técnico europeu a confirmar que afinal os 4.9 mil milhões de euros injetados no banco são dívida pública, pelo que o défice é real e não apenas “contabilístico”, como dizia o governo e os responsáveis da Comissão que vieram em seu auxílio. "Quando é preciso salvar a austeridade a Comissão Europeia vem sempre em recurso do Governo", registou Catarina Martins.

O que o relatório veio dizer, prosseguiu a porta-voz bloquista, é que os 7.2% de défice do ano passado é “despesa posta às costas dos contribuintes que em 6 anos foram chamados a pagar 6 bancos. E por muito que nos digam que é contabilístico, sabemos nas nossas vidas que ele saiu das carteiras de quem trabalha”.

O combate ao argumento da direita sobre a estabilidade foi outro dos destaques do discurso de Catarina Martins, a propósito dos números da emigração em 2014, publicados na véspera pelo Observatório da Emigração. Catarina diz ter ficado surpresa com os títulos das notícias sobre esse relatório.

"Os títulos das notícias dizem que ‘a emigração estabilizou em 110 mil por ano’. Desculpem? Há alguma estabilidade para um país que perde 110 mil pessoas para a emigração a cada ano?”, questionou. Para Catarina Martins, “quando aceitamos esta retórica estamos a aceitar que o futuro do nosso país é inexoravelmente esvaziar-se de gente. E nós não aceitamos a estabilização das gerações obrigadas a sair de Portugal”.

“É contra a normalização da desistência que estamos nestas eleições. Não desistimos desse futuro”, acrescentou a porta-voz do Bloco, antes de apelar ao voto “de quem não permite que a pensão dos seus pais e avós seja assaltada, de quem se sacrificou para ver os filhos com uma vida melhor e não se resigna ao vê-los voltar a casa ou a sair do país”. “Domingo é dia de votar, e desta vez vai ser Bloco de Esquerda!”, concluiu.

Joana Mortágua: "A direita não tem ideias, não tem contas, não tem propostas"

Joana Mortágua. Foto Paulete Matos

Joana Mortágua centrou as críticas na candidata do PSD/CDS, a ministra Maria Luis Albuquerque, com as responsabilidades nos truques contabilísticos do governo sobre o buraco do BPN e, mais recentemente, o buraco do BES. “Devia haver uma subscrição popular para comprar tapetes para o Ministério”, tal é o tamanho dos buracos financeiros que varrem para debaixo dos tapetes, defendeu a candidata bloquista.

“A coligação PàF apresenta-se em campanha como a orquestra do Titanic, que continua a tocar enquanto o barco vai ao fundo”, prosseguiu Joana Mortágua. “Não sei se já repararam, mas a direita não tem ideias, não tem contas, não tem propostas. O que tem para apresentar ao país é um compêndio de ditados populares conservadores”, resumiu, apelando à mobilização para derrotar a direita e para reforçar a bancada de quem defende o emprego com direitos e não deixa passar nenhum abuso do sistema financeiro.

Fernando Rosas: “O combate dos próximos dias é contra a mentira e o medo”

Fernando Rosas. Foto Paulete Matos

Fernando Rosas, antigo deputado bloquista por Setúbal e atual mandatário da candidatura, evocou a história de resistência política e das lutas sociais do distrito no século XX, ao longo da ditadura e depois do 25 de Abril. “Essa é a responsabilidade de assumir a representação parlamentar no distrito de Setúbal”, afirmou Rosas, acrescentando que o Bloco encara essa responsabilidade sem saudade ou nostalgia, “mas como uma lição para o presente e o futuro”.

“Estamos perante o ataque mais grave aos direitos do trabalho em democracia”, prosseguiu Fernando Rosas, acusando a direita de estar a mudar o modelo da economia e da sociedade e “a criar uma ordem nova baseada na sobrexploração do trabalho e na redução dos direitos e da dignidade”. “É por isso que eles escondem o programa que têm nesta campanha eleitoral”, concluiu Rosas, lembrando que ainda estão por explicar onde vão tirar os 600 milhões das pensões que prometeram a Bruxelas.

O mandatário bloquista também respondeu aos dirigentes do PS que defendem que o voto à esquerda do PS é semelhante a votar com a direita. “Mas não é o programa eleitoral do PS que propõe mudar a lei eleitoral e impõe círculos uninominais, reduzindo drasticamente a proporcionalidade da representação?”, questionou, considerando esses apelos "uma burla completa". “No Bloco de Esquerda, defendemos a democracia com firmeza e sem falhas. O PS, tem dias…”, Fernando Rosas.

Sandra Cunha: “As deputadas e deputados do Bloco estão prontos para todas as lutas”

Sandra Cunha. Foto Paulete Matos

Sandra Cunha, a segunda candidata do Bloco por Setúbal, falou das mudanças concretas na vida das pessoas que a ação política do Bloco tem desenvolvido, como a do reconhecimento da identidade de género ou a violência doméstica se ter tornado crime público e as suas vítimas não serem excluídas de apoios sociais.

“A política serve para mudar a vida das pessoas e para fazer diferente. As deputadas e deputados do Bloco estão prontos para todas as lutas”, afirmou Sandra Cunha, sublinhando que para o Bloco as lutas não se escolhem por serem consideradas mais ou menos urgentes e todas têm lugar num movimento forte e plural.

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