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Catarina Martins questiona Comissão Europeia sobre megaprojeto da BP na Beira Baixa

12 de novembro 2025 - 18:53

A eurodeputada alerta para a falta de transparência e o impacto ambiental da instalação de 425 mil painéis solares em zonas protegidas do distrito de Castelo Branco.

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Central fotovoltaica
Central fotovoltaica. Foto Lightsource bp

Catarina Martins questionou esta quarta-feira a Comissão Europeia sobre o projeto da central solar Sophia, nos concelhos do Fundão, Idanha-a-Nova e Penamacor, onde a Lighthouse bp - um dos gigantes mundiais do setor da energia solar e detida pela petrolífera BP - quer instalar de 425 mil módulos fotovoltaicos numa área de mais de meio milhar de hectares, com uma potência instalada de 867 MWp e produção estimada de 1.272 GWh/ano, além das linhas de muito alta tensão necessárias para a distribuição desta energia.

“O investimento nas energias renováveis é fundamental, mas o objetivo não pode ser conseguido a qualquer preço. Portugal é um dos países com maior exposição solar e nós não precisamos destes grandes parques de painéis fotovoltaicos com um impacto tão brutal ao nível ambiental, que arruinam terrenos agrícolas e com consequências tão graves para as populações daquelas regiões. Sobretudo quando podemos ter energia solar descentralizada que faz baixar a conta da luz para toda a gente. A transição energética tem de ser feita com as pessoas e não contra as pessoas”, defendeu Catarina.

Lembrando que área abrangida pelo projeto inclui diversas zonas classificadas -  como o Parque Natural do Tejo Internacional e o primeiro geoparque da UNESCO em Portugal, o Naturtejo -, além de ecossistemas sensíveis e espécies protegidas, como montados de sobro e azinho, Catarina alerta também que aquelas zonas de matos pouco densos são  fundamentais para espécies como a águia-imperial-ibérica (criticamente ameaçada em Portugal), a cegonha-preta, entre outras.

A alteração profunda ao uso do solo, convertendo terrenos agrícolas e zonas de conservação da natureza numa imensidão de painéis solares, também suscita muitas dúvidas quanto à conformidade com diversas normas europeias. Catarina Martins questiona a Comissão Europeia se este projeto cumpre normas como a Diretiva Habitats e a Diretiva das Aves, a estratégia do Pacto Ecológico Europeu, os critérios de sustentabilidade e uso eficiente dos solos ou o princípio da não regressão ambiental.

População manifestou-se nas últimas semanas e apela aos recém-eleitos autarcas para travarem o projeto

Na semana passada, cerca de 200 manifestantes juntaram-se em frente à Câmara Municipal do Fundão e seguiram para o local onde decorria a tomada de posse dos autarcas eleitos no mês passado. Além do Fundão, o projeto abrange os concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor. “Sentimos que um projeto desta envergadura não deve ficar restrito a uma consulta pública num site online. É um projeto muito grande, com impactos imensos para a vida das pessoas e não só, também a nível ambiental”, afirmou à agência Lusa Ricardo Carvalho, do Movimento Cívico Gardunha Sul. Dias antes o protesto tinha sido durante a tomada de posse dos autarcas de Penamacor e juntou também a comunidade estrangeira que escolheu aquele concelho pela qualidade de vida junto à natureza, que veem agora ameaçada com as linhas de muito alta tensão e os painéis fotovoltaicos a marcarem a paisagem.

Esta semana o protesto passou por Castelo Branco, à porta da reunião da comunidade intermunicipal da Beira Baixa que junta os oito municípios da região. A presidente da delegação da Quercus disse que a Beira Baixa “é uma zona rica em bens naturais e não pode abrir mão desses bens” e acrescentou que “precisamos de uma economia que responda às necessidades das pessoas e não para responder à procura de lucro”.