Depois do turismo de luxo, megaprojeto fotovoltaico ameaça a Comporta

28 de maio 2025 - 15:38

Projeto que ocupa 1.272 hectares ameaça ocupar zonas de arvoredo na Comporta. Consulta pública termina a 11 de junho.

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Painéis Solares
Fotografia de rawpixel.

Um milhão de painéis, uma potência de 600 (MW) e 1272 hectares. É isso que está previsto para o Complexo Solar Fotovoltaico do Sado, mais um projeto centralizado de energia solar, desta vez para a Comporta, uma zona cujos ecossistemas já se veem ameaçados pelos projetos do turismo de luxo.

Segundo a notícia do Expresso, este projeto promovido pela Tecneira já iniciou o processo de licenciamento ambiental e apresentou uma proposta de definição de âmbito (PDA) à Agência Portuguesa do Ambiente (APA). É essa a fase que antecede o estudo de impacte ambiental. A proposta foi submetida a uma consulta pública que irá terminar a 11 de junho.

Da área vedada de 1272 hectares nos concelhos de Alcácer do Sal e Grândola, só 356 é que efetivamente estão cobertos por painéis solares. O terreno fica encostado à freguesia da Comporta, a cerca de três quilómetros dos hotéis de turismo de luxo que excluem as populações locais, como o Sublime e o empreendimento de Paula Amorim, o JNCQuoi Comporta.

Numa parte daquele terreno já existe um parque fotovoltaico de 15 MW da empresa Finerge. Para além do milhão de painéis instalados, o projeto prevê também um parque de baterias de grande dimensão, com uma potência de 300 MW e uma capacidade de armazenamento de 600 MW por hora.

Apesar de não ocupar áreas protegidas, a área que a Tecneira quer usar é casa de pinheiros-mansos e bravos, sobreiros, eucaliptos e culturas temporárias de sequeiro e regadio. E a central solar está, na sua totalidade, na Zona Especial de Conservação Comporta/Galé.

Um pouco mais a sul da Comporta, têm havido vários protestos contra o abate de árvores e a criação de megacentrais fotovoltaicas. É o caso da manifestação contra o abate de 1.821 sobreiros pela EDP em Sines, para a construção de um parque eólico. E também o caso do movimento Juntos pelo Cercal, que se opõem à localização da central fotovoltaica perto do perímetro urbano da sua localidade.