Catarina Martins fez a apresentação da sua candidatura presidencial em Lisboa este sábado no Espaço Santa Catarina, alertando para um “momento de degradação da democracia”.
Este, considera, tem várias expressões, algumas das quais “mais evidentes” como é a “banalização do mal” e “a generalização do ódio” feita por “um dos candidatos a estas eleições que já não hesita na apologia explícita do ódio na sua missão de tornar normal a injúria, a difamaçã;o, a intimidação e o incitamento à violência”.
Mas dentro desta degradação da democracia inclui ainda “a constituição de sujeitos políticos vendidos como produtos” e que são candidatos que “mudam de discurso, de proposta, de valores, ao sabor das flutuações de um qualquer 'focus group' e ao ritmo de uma qualquer agência de comunicação”. Assim, “a degradação da democracia” é também “o oportunismo”.
Outro elemento de degradação da democracia é “a opção por uma política desprovida de substância” que esvazia palavras de conteúdo e faz “uma política que aborrece e adormece” o país. Nesse sentido, “a degradação da democracia é o vazio”.
Igualmente significativo no atual contexto é a destruição dos direitos do trabalho, o desinvestimento em serviços públicos, a liberalização dos mercados de habitação e a persistência das desigualdades e da pobreza.
Para Catarina Martins, “o Estado está a falhar-nos. Falha na habitação, na saúde, na educação. Falha nos cuidados, apesar do esforço monumental de quem cuida da saúde e da educação. As políticas são contraditórias, são ineficientes, estão demasiadas vezes ao sabor de apetites gananciosos”.
Estas políticas criaram “uma raiva e um ressentimento social crescente”. Pelo que, nestas eleições, trata-se de escolher se a resposta “vai ser encontrar alguns bodes expiatórios e descarregar sobre eles as consequências de quem sempre mandou” ou “uma refundação da nossa comunidade”.
Estamos assim perante a “solidariedade contra o egoísmo, empatia contra o ódio, esperança contra o desespero”. E a eurodeputada luta pretende mobilizar uma “esperança ativa e transformadora” como ideia para a Presidência”.
Pegando nos termos de João Semedo, Catarina Martins coloca-se contra a “esperançofobia” e quer propor um “manifesto da esperança” que é “um mapa para um país possível ao alcance da nossa determinação” e começa pelo “trabalho decente e emancipado”. Assim, caso seja eleita, compromete-se a “travar” em Belém a reforma laboral.
Dentro das prioridades elencadas neste sábado estão ainda os elevados níveis de pobreza e as alterações climáticas. E a candidata não esqueceu ainda o belicismo dos “generais de sofá” que utilizam a mesma conversa de sempre: “temos de nos preparar para as guerras que queremos provocar” e que “só veem as guerras na televisão”. Pelo que as suas “bravatas saem baratas e a guerra é um bom negócio, a não ser para quem as trava”.