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Caretos, do Carnaval de aldeia a património cultural da humanidade
A aldeia de Podence no concelho de Macedo de Cavaleiros tem apenas 200 habitantes. São quem mantém viva a tradição de um Entrudo ancestral, feito de máscaras coloridas e de chocalhos.
Foi esta festa que foi distinguida esta quinta-feira pelo organismo das Nações Unidas para a Ciência, Cultura e Educação que reúne até sábado, em Bogotá, na Colômbia, na sua Assembleia Geral da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial.
A candidatura das “Festas de Inverno Carnaval de Podence” foi distinguida pela UNESCO pelo seu carácter único e pela sua autenticidade. E, para festejar, os mascarados chocalharam em Trás-Os-Montes. À Lusa, Rui Carneiro, que costuma participar trajado no Entrudo de Podence, diz que o reconhecimento “é um orgulho”, considera que os caretos vão passar a “ter mais visibilidade pelo mundo, mas a responsabilidade é sempre a mesma que é vestir o fato e desempenhar bem a função”.
E a visibilidade já tinha números impressionantes antes da declaração da UNESCO: este anos foram cerca de 30 mil os turistas que assistiram aos festejos. Em 2020, entre 22 e 25 de fevereiro, esperam-se ainda mais. No seguimento da notoriedade está planeada a construção de um novo largo e de várias infraestruturas na aldeia, entre as quais o museu do careto, pelo arquiteto Souto de Moura.
E, contudo, está tradição esteve quase a desaparecer. Até que na década de 1980 se meteu as mãos à obra e se reverteu o processo. Tempos houve em que se considerou demoníaca e o seu caráter sexualizado, já que os caretos eram tradicionalmente rapazes solteiros e as suas “vítimas” as raparigas, mereceu reparos dos mais conservadores. Mas o desfile persistiu até aos nossos dias. E, com esta decisão da UNESCO, estará para ficar.
Da lista de tradições portuguesas que receberam anteriormente esta distinção fazem parte o Fado, o Cante Alentejano, a Dieta Mediterrânica, a Falcoaria e os Bonecos de Estremoz.
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