Lisboa

Câmara de Lisboa quer alternativas open source à app da GIRA

22 de agosto 2025 - 10:36

Os inúmeros problemas de utilização da aplicação das bicicletas partilhadas e a recusa da EMEL em colaborar com os projetos de código aberto da aplicação levaram a oposição a aprovar uma recomendação à empresa, contra a vontade de Moedas.

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Bicicletas da rede GIRA
A app da GIRA continua a ser um pesadelo para quem a utiliza. Foto Câmara de Lisboa

Os utilizadores da rede de bicicletas partilhadas GIRA em Lisboa conhecem bem as dificuldades da utilização da aplicação desenvolvida pela EMEL, que muitas vezes os impedem de utilizar aquele serviço. Não é por isso um acaso que a aplicação GIRA+, desenvolvida em código aberto por jovens programadores, esteja sempre no top das aplicações mais descarregadas na loja Google Play, bem acima da aplicação oficial.

Em vez de colaborar com estes programadores para tentar resolver os problemas de que padece a sua aplicação móvel, a EMEL optou pelo caminho contrário, introduzindo modificações para bloquear o acesso da GIRA+ à sua API, sem que tivesse melhorado a experiência de utilização da sua aplicação.

Numa moção apresentada na reunião de Câmara esta semana pela vereadora Patrícia Gonçalves, do Livre, e subscrita pelos vereadores do Bloco de Esquerda e Cidadãos por Lisboa, a maioria de esquerda no executivo aprovou uma recomendação para instar a EMEL a remover aquelas restrições e optar por uma postura de abertura e diálogo com a comunidade de programadores e utilizadores da GIRA, nomeadamente promovendo reuniões regulares com os jovens criadores da GIRA+ para melhorar o seu serviço.

A moção solicita ainda á EMEL que “autorize e reconheça expressamente aplicações alternativas que respeitem os princípios de privacidade, transparência, segurança e uso responsável da API, desde que de acesso aberto, sem fins lucrativos e com o código-fonte publicamente disponível”.

A proposta insere-se no princípio  "Public Money, Public Code", promovido pela Free Software Foundation Europe e que defende que o software desenvolvido com financiamento público deve ser disponibilizado como software livre e de código aberto, permitindo transparência, escrutínio público, e reutilização por outras entidades públicas.

Carlos Moedas e os seus vereadores opuseram-se a esta recomendação, o que não surpreendeu o vereador bloquista em substituição, Ricardo Moreira: “Apesar das sucessivas exigências da oposição, Carlos Moedas foi sempre dificultando as alternativas à app da GIRA e nunca resolveu os problemas do sistema. A situação é inexplicável: em quatro anos o sistema de bicicletas partilhadas degradou-se, apesar de ter crescido em números”, afirmou o Esquerda.net, concluindo que por isso o Bloco “acompanhou a proposta do Livre para que os dados sejam abertos à comunidade”.

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