APP da Gira: Moedas não arranja e bloqueia as que funcionam

porRicardo Moreira

08 de maio 2024 - 22:24
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A história parece impossível de explicar, ao invés de pôr a funcionar a APP das bicicletas partilhadas de Lisboa, a EMEL fez um ajuste direto para bloquear as aplicações feitas por jovens que de facto estavam a funcionar.

É verdade que Moedas nunca gostou das bicicletas Gira em Lisboa. No primeiro ano de mandato, a CML desinvestiu no sistema, chegando a ter menos de metade das bicicletas em utilização e não avançando na colocação de mais estações. Depois, face aos protestos das utilizadoras e utilizadores, em 2023 a EMEL investiu em mais bicicletas e em mais estações.

Para além disso, em 2023 entrou em vigor a gratuitidade da Gira para quem tem passe navegante ativo. Uma proposta que o Bloco de Esquerda aprovou em 2022, que entrou em vigor apesar dos votos contra dos vereadores e vereadoras de Carlos Moedas.

Com o investimento que Moedas foi obrigado a fazer no sistema o grande problema das Giras passou a ser a aplicação. A APP que permite usar o sistema de bicicletas partilhadas está estragada. É difícil de arrancar, é lenta, não comunica bem com as docas e muitas vezes simplesmente não permite a utilização. O relatório e contas de 2023 da EMEL assume que a APP estragada tem limitado a utilização das bicicletas Gira.

Por isso, aquando da discussão das contas do município, o Bloco de Esquerda exigiu que a APP fosse renovada e o Vice Presidente Anacoreta Correia assumiu que isso era uma prioridade.

A situação era tão grave que dois estudantes criaram apps alternativas, que funcionavam sem bugs. O Afonso de 19 anos criou a mGira, que significa "melhor Gira", que permite saber quantas bicicletas há em cada estação, sendo mais estável e intuitiva. E outro jovem criou a Gira+, que também é muito melhor do que a APP original da EMEL.

No entanto, em vez de ser lançado um concurso para melhorar a aplicação, Carlos Silva, o antigo deputado do PSD e atual administrador da EMEL, lançou um ajuste direto de 19 mil euros para bloquear as APP alternativas e que funcionam.

É o mundo ao contrário, apesar de ter um plano de investimentos de 79 milhões de euros, a EMEL em vez de investir numa APP da Gira que funcione, decide fazer um ajuste direto para bloquear as aplicações que funcionam.

Na verdade, este é só mais um episódio na péssima política de mobilidade de Carlos Moedas, que tem entupido Lisboa de carros, retirado ciclovias e faixas BUS e falhado no investimento necessário na Carris.

Ricardo Moreira
Sobre o/a autor(a)

Ricardo Moreira

Engenheiro e mestre em Políticas Públicas, doutorando em Alterações Climáticas, autor da série documental Cidades Impossíveis e deputado municipal pelo Bloco de Esquerda em Lisboa. Dirigente do Bloco.
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