O dirigente bloquista, convidado para participar no painel sobre "Novos desafios à regulação e supervisão do financiamento dos partidos políticos e campanhas eleitorais", integrado na Conferência “Dinheiro, influência, poder: Proteger a democracia dos riscos da corrupção”, adiantou que tem “fortes razões para admitir que alguns daqueles muitos e muitos milhões que circularam entre o BPN e a sua clientela favorita, alguns desses milhões alimentaram candidatos e alimentaram partidos".
À margem da conferência, João Semedo explicou que “o partido que estava mais próximo dessa realidade, por via dos seus antigos ministro, era o PSD”, sendo que era ao partido de Pedro Passos Coelho que se estava a referir.
O deputado do Bloco de Esquerda, que integrou as duas comissões de inquérito sobre o BPN, salientou que, "ao longo de muitas audições e muitos documentos, havia fortes indícios que uma parte pequena, muito pequena, de todo aquele dinheiro que por ali circulou [no BPN], foi para financiamento partidário".
A comissão tinha, contudo, e segundo avançou João Semedo, “outro mandato, que estava aprovado na Assembleia da República, e, portanto, não se preocupou com o financiamento ilícito de partidos”.
O coordenador do Bloco de Esquerda salientou ainda que, da sua experiência nas comissões parlamentares de inquérito sobre o BPN, reteve também que "é que é muito difícil investigar, averiguar, conhecer, os circuitos do dinheiro".
"Isto levanta a questão de se nós dispomos ou não dos meios de investigação suficientes para poder ir atrás daquilo que se pode chamar a circulação ilícita do dinheiro e do financiamento partidário. Acho que isso não tem nada a ver com a legislação nem nada a ver com o modelo, é evidente em Portugal", afirmou.
João Semedo referiu-se ainda à necessidade de serem aplicadas às campanhas internas dos partidos as mesmas regras que são aplicadas às campanhas eleitorais.
"É importante cada vez mais haver uma fiscalização e controlo sobre as campanhas internas", considerou o dirigente bloquista, frisando que, ainda que não seja o caso do Bloco, cada vez mais partidos realizam eleições internas diretas.
"Se se olhar para essas campanhas internas, há várias evidências de que há recursos financeiros que alimentam essas campanhas. Duvido que isso esteja devidamente fiscalizado", apontou.