Boris Johnson voltou a mentir e enfrenta demissões no Governo

06 de julho 2022 - 11:21

Quatro governantes, incluindo os ministros das Finanças e Saúde, apresentaram a demissão do executivo britânico após um novo escândalo. Desta vez, o primeiro-ministro é acusado de promover um deputado apesar de ter conhecimento das acusações quanto ao seu comportamento sexual abusivo.

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Boris Johnson. Foto Andrew Parsons / No 10 Downing Street /Fickr

Depois do escândalo das festas realizadas durante o confinamento, Boris Johnson volta a enfrentar os pedidos de demissão por parte de figuras do seu partido. Desta vez, é acusado de ter mentido ao dizer que não tinha conhecimento das acusações de comportamento sexual abusivo de Chris Pincher, quando o escolheu para o cargo de adjunto do "chief whip", que tem por missão manter a disciplina na bancada parlamentar conservadora.

Apesar dos novos pedidos de desculpa do primeiro-ministro, o escãndalo foi a gota de água para os ministros das Finanças e Saúde, Rishi Sunak e Sajid Javid, que anunciaram a saída do Governo na terça-feira, afirmando terem perdido a confiança em Boris Johnson. Esta quarta-feira foi a vez dos ministros da Infância, Will Quince, e das Escolas, Robin Walker, seguirem o mesmo caminho. Outros elementos do executivo e de cargos de nomeação governamental também apresentaram as suas demissões, bem como o vice-presidente dos Conservadores, Bim Afolami.

Na imprensa britânica desta quarta-feira, as manchetes são unânimes ao declararem que "Johnson está por um fio". O primeiro-ministro enfrenta hoje um debate parlamentar, poucas semanas após parte da sua bancada ter votado a favor do seu afastamento. E a seguir será inquirido no comité que reúne os líderes das comissões parlamentares, ou seja, os políticos mais experimentados na Câmara dos Comuns. Como afirmou um aliado de Johnson à BBC, "ele terá todos os seus piores inimigos na mesma sala" a partir das 15h.

A boa notícia para Johnson, na perspetiva de continuar a resistir a abandonar o cargo, é que o regimento impede que uma nova moção de confiança venha a ser votada tão cedo. Mas há quem peça que o regimento mude, como é o caso do ex-ministro conservador Chris Skidmore, argumentando que os factos agora em apreço eram desconhecidos no momento da anterior votação.

Do lado da oposição trabalhista, tanto o seu líder Keir Starmer como a ministra sombra das Finanças, Rachel Reeves, já declararam que preferem um cenário de eleições antecipadas a uma mera troca de liderança nos Conservadores, considerando que o país está "paralisado".