Em todo o país, são mais de 400 mil as pessoas sujeitas às condições de extrema precariedade impostas por estas empresas, que chegam a ficar com 40% do salário destes trabalhadores. Desde o início da crise, o setor cresceu à mesma velocidade em que aumentou o abuso: só no ano de 2014, as ETT faturaram quase mil milhões de euros. Cada trabalhador temporário chega a ter 16 contratos num só ano, auferindo em média, a menos de 580 euros mensais.
A proliferação das ETT, sancionada pelos últimos governos do PSD e do PS, foi feita às margens da lei e ao arrepio do Código do Trabalho. A maioria das grandes empresas que recorre a estes serviços, como a PT e a SONAE, não respeita sequer os princípios legais, que apenas autorizam a contratação de trabalhadores temporários em situações excepcionais. Os trabalhadores ficam assim desprotegidos, sujeitos ao abuso diário e permanente.
Estado paga milhões às ETT
Só no ano de 2015, o Estado português pagou perto de 3 milhões de euros à Kelly Services. Os ajustes diretos foram realizados, na sua maioria, pelas Administrações Regionais de Saúde e pelas autarquias. Outras grandes empresas multinacionais do sector, como a Randstad e a Manpower, receberam também avultadas quantias pela cedência de trabalhadores. Esta tendência acontece num contexto de despedimentos e congelamento de admissões na função pública, pelo que as ETT contribuem com a mão de obra precária e barata necessária para a realização dos serviços.
O Bloco de Esquerda defende no programa eleitoral a "Proibição das empresas de trabalho temporário, um setor especializado na sobre exploração de trabalhadores a coberto de falsos fornecimentos de serviços. Reconversão dos centros de emprego em verdadeiros serviços públicos de orientação profissional e disponibilização de propostas de emprego adequadas."