O Bloco de Esquerda do Porto exigiu que a autarquia torne públicos os fundamentos para aprovação do Pedido de Informação Prévia (PIP) do El Corte Inglés para a antiga estação ferroviária da Boavista.
Em conferência de imprensa, Pedro Lourenço, deputado municipal eleito pelo Bloco, referiu que o partido e a cidade do Porto souberam da notícia da aprovação do PIP do El Corte Inglés através da comunicação social.
“Consideramos que, depois de meses de contestação e escrutínio público por parte de forças políticas e movimentos de cidadãos, fazê-lo sem qualquer tipo de explicação pública e nas costas da cidade é um erro político e urbanístico”, explicou.
O El Corte Inglés pretende instalar-se no terreno da antiga estação ferroviária da Boavista e já pagou à Infraestruturas de Portugal (IP), proprietária do terreno, 18,7 milhões de euros. A cadeia espanhola submeteu à Câmara, em outubro de 2019, um PIP para a construção de um grande armazém comercial, um hotel e um edifício de habitação comércio e serviços.
Pedro Lourenço acusa a câmara de “secretismo” e a tutela de “falta de transparência”.
“Este projeto é um erro político porque ignora o debate que se está a fazer sobre o novo Plano Diretor Municipal. E é um erro urbanístico porque esta zona já está muito sobrecarregada”, disse o deputado municipal.
O projeto terá também um impacto ambiental e ao nível da mobilidade se se avançar com mais um parque de estacionamento com centenas de lugares. Aquela área, sendo um “lugar privilegiado”, merece “uma solução urbanística mais equilibrada”.
“Exigimos que [o executivo do independente Rui Moreira] clarifique publicamente os fundamentos desta decisão e as condicionantes estabelecidas para o projeto. Não são públicas e devem sê-lo. E que clarifique se vai ou não aceitar o pedido de classificação da Estação Ferroviária da Boavista que corre, cremos nós, na câmara”, disse Pedro Lourenço.
O partido tentou contactar a IP e o ministério das Infraestruturas, mas estes nunca responderam. “Exigimos que quebrem o silêncio a que se têm remetido e clarifiquem todos os contornos do negócio”, refere o comunicado do Bloco de Esquerda.