Bloco quer impedir que tarifa social da energia seja paga por consumidores

16 de abril 2024 - 12:49

O partido defende que é “completamente errado” serem os consumidores ou os contribuintes a pagar, aumentando assim os lucros das empresas do setor energético.

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O Bloco de Esquerda entregou esta terça-feira na Assembleia da República um projeto de lei para revogar a possibilidade de serem os clientes a financiar os custos da tarifa social de eletricidade.

O líder do Grupo Parlamentar do partido, Fabian Figueiredo, explicou à Lusa que a proposta é regressar ao modelo anterior “quando o Bloco automatizou a tarifa social da energia: que sejam empresas milionárias como a EDP, as elétricas, a pagar a tarifa social da energia e não o comum dos consumidores de eletricidade, ou, como algumas vozes à direita já sugeriram, que seja o orçamento geral do Estado a suportar isto. Isso é completamente errado, devem ser as elétricas a pagar”.

O partido explica que o governo do PS “de forma completamente irresponsável permitiu que o custo da tarifa seja repercutido na fatura dos consumidores, ou seja que as pessoas passem a ter um custo acrescido na sua fatura e paguem a tarifa social da energia”, quando é o “mínimo da justiça social” que sejam as grandes companhias elétrica a suportar este custo.

A medida da anterior maioria absoluta “está completamente errada” e faz com que os lucros destas empresas aumentem. Isto quando, recorda-se no texto apresentado, a EDP teve lucros de mais de 900 milhões de euros em 2023 e “ainda não pagou os impostos devidos pela venda das barragens no Douro”.

O Bloco pretende ainda barrar outra possibilidade: que sejam os contribuintes, através do Orçamento do Estado, a pagar a fatura: “não deve ser nem a despesa pública a suportar a tarifa social de energia nem deve ser o comum dos contribuintes”, defende Fabian Figueiredo que espera que haja uma maioria no Parlamento passível de aprovar a proposta.

Na passada sexta-feira, a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos tinha publicado uma diretiva que estabelecia que os comercializadores de energia passariam a poder repercutir este custo na fatura dos seus clientes com efeitos a 1 de abril passado. O Conselho Tarifário da ERSE estima que a medida do anterior governo poderia fazer com que aumentassem os preços 1,13% no mercado livre e 0,93% no regulado.