Durante a conferência de imprensa de apresentação do festival Desobedoc, no Cinema Trindade, a coordenadora do Bloco frisou que são precisas “entidades independentes das faculdades ou dos centros de investigação, porque na verdade é muito difícil, como está à vista e como se percebe, fazer denúncias dentro das próprias estruturas hierárquicas, mesmo quando criam algumas comissões".
Catarina adiantou que o Bloco está "a trabalhar numa proposta para que haja um mecanismo que não depende de cada faculdade ou de cada centro de investigação, um mecanismo que possa ser seguro para fazer a denúncia, e que possa tirar consequências das denúncias que são feitas".
Sobre a suspensão de Boaventura de Sousa Santos, decretada pelo Centro de Estudos Sociais (CES), a dirigente bloquista afirmou concordar com a medida, mas alertou que “isso não chega".
De acordo com Catarina, "há claramente um problema estrutural e transversal" na academia, já que "esta não é a primeira vez que aparece um problema".
"Eu diria que também não é só a academia a ter problemas, na academia também haverá mulheres que sabem fazer-se ouvir e ainda bem, começam a fazer-se ouvir", acrescentou.
A coordenadora do Bloco afirmou ainda discordar das declarações da ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, que referiu que as instituições podem autonomamente resolver os casos de assédio moral e sexual.
No que respeita às denúncias de assédio no CES, e na sequência de novas queixas de assédio sexual avançadas pela deputada estadual brasileira Bella Gonçalves, o Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais (Clacso) e o jornal espanhol Publico suspenderam as colaborações com Boaventura de Sousa Santos.