"É absolutamente falso que o Bloco de Esquerda tivesse negociado qualquer compra de ações minoritárias dos CTT com o Governo do PS em troco do voto no Orçamento do Estado para 2021. É tão falso que o Bloco votou contra esse Orçamento do Estado e por isso não faz sentido nenhum essa mentira ser propalada, pois não tem nenhuma adesão à realidade".
Foi assim que Pedro Filipe Soares desmentiu aos jornalistas a notícia publicada esta semana no Jornal Económico, que dava conta da compra de ações dos CTT por parte da Parpública, em quantidade inferior a 2% do capital da empresa privatizada pelo Governo PSD/CDS, como sendo supostamente uma exigência do Bloco para aprovar o Orçamento do Estado para 2021.
O líder parlamentar bloquista sublinhou ainda que "é pública a posição do Bloco de Esquerda sobre os CTT deverem ser uma empresa do Estado e 100% pública", por entender que "havia elementos mais do que suficientes para o Estado nacionalizar a empresa e até pedir uma indemnização aos privados". Por isso, "partir do pressuposto que o Bloco aceitaria que fosse o Estado a pagar aos privados para ficar com a empresa quando eram eles que estavam a incumprir com as suas obrigações com o interesse público, é um absurdo completo", prosseguiu.
Não faltam exemplos de declarações públicas e iniciativas legislativas em que o Bloco afirmou a sua posição "contra a privatização [dos CTT] quando foi decidida pela direita, denunciámos a descapitalização da empresa feita pelos privados e o incumprimento do contrato de concessão que lesou as populações, em particular do interior do país".
"O que estava em cima da mesa das negociações do OE 2021 eram direitos do trabalho e saúde. Achar que havia negociações às escondidas contra as posições do próprio partido é um absurdo", insistiu.
Questionado sobre qual a intenção por detrás da publicação destas notícias, Pedro Filipe Soares afirmou que "quem está a tirar dividendos da notícia falsa é o PSD, que fez a privatização a patacos", mas também o Chega, que "tem entre os seus financiadores elementos da família Champallimaud, atuais acionistas dos CTT", o que considera ser "no mínimo caricato".
"Achar que os privados são os bons da história como o Chega quer fazer só é aceitável se percebermos que quem lhes mete dinheiro no bolso são os acionistas do grupo Champallimaud nos CTT", prosseguiu Pedro Filipe Soares, considerando que "propalar uma informação falsa" servirá "para tirar dividendos políticos e até dividendos para esses acionistas privados".
"Nessa farsa não entramos", assegurou, garantindo que "o Bloco de Esquerda não deve nada a ninguém".