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BlackRock: fundo de investimento jura ser “verde”, mas ganha milhões com carvão
O fundo de investimento BlackRock é conhecido pela sua participação na indústria de combustíveis fósseis. Foi aliás por isso que os eurodeputados do Bloco, Marisa Matias e José Gusmão, tinham apresentado, em final de abril do ano passado, uma queixa a propósito da sua contratação para a realização de um estudo para a Comissão Europeia sobre a integração de objetivos ambientais, sociais e de governação nas regras bancárias da União Europeia. E, em novembro, a Provedora de Justiça Europeia confirmou a existência de um conflito de interesses.
Entretanto, na tentativa de mudar a sua imagem pública, a empresa comprometera-se publicamente em vender a maior parte das ações ligadas aos combustíveis fósseis. Mas um relatório dos grupos Reclaim the Finance e Urgewald, publicado esta quarta-feira, revela que a empresa continua “viciada em combustíveis fósseis”, o que quer dizer que a sua promessa estava “furada” e que um alçapão lhe permitiu manter 85 mil milhões de dólares em ações de empresas do setor do carvão.
Segundo o documento da política da empresa, esta continua a poder ter ações de empresas que ganhem menos de um quarto dos seus rendimentos com o carvão, o que quer dizer que mantém ações e títulos de várias das empresas do setor, incluindo gigantes como a indiana Adani, a BHP e Glencore, do Reino Unido, e a alemã, RWE, e empresas que têm planos de expansão agressivos na exploração mineira como a Sumitomo ou a KEPCO.
Contas feitas à forma como o alçapão do “um quarto” foi pensado, a empresa apenas se auto-limitou de investir em 17% da indústria do carvão, podendo ainda lucrar com negócios em 333 outras empresas. A este soma-se outro: as limitações são apenas relativas ao portfolio gerido ativamente por si, o que significa que deixa de fora a maior parte do que esta detém e que é investido via fundos passivos. Através dos seus index funds pode assim continuar a investir em qualquer empresa do setor do carvão.
Em causa, segundo estas Organizações Não-Governamentais, está ainda a sua ausência de restrições relativamente a outro tipo de combustíveis fósseis.
As duas organizações lembram que tudo isto contrasta fortemente com a promessa de há um ano do CEO Larry Fink de que a BlackRock iria passar a investir na “sustentabilidade” e deixar de ganhar dinheiro com a produção de carvão. Exigem portanto ação decisiva porque “depois do ano mais quente de que há registo, não pode haver mais desculpas para fracos resultados”.
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